Este documento oferece uma visão prática e abrangente de como as marcas podem se destacar na era digital atual, desenvolvendo uma personalidade e uma voz autênticas e consistentes com seus valores, destacando-se, assim, em um ambiente que muitas vezes carece de uma abordagem humana e relacional.

  • Como as marcas podem cultivar relacionamentos genuínos em ambientes orientados por IA e quais estratégias devem ser adotadas para garantir uma identidade de conversação consistente e autêntica?
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  • Quais metodologias técnico-científicas são recomendadas para criar uma personalidade de marca eficaz e multidimensional, e como essa voz da marca pode ser implementada em várias plataformas e tecnologias?
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  • Quais são alguns exemplos de uso prático dessa voz da marca, tanto nas interações diretas com os consumidores quanto na mídia e na publicidade?

As crescentes necessidades de saúde em populações mais envelhecidas e exigentes estão causando alto estresse a todos os governos e aos mais diversos stakeholders de saúde; os modelos assistenciais não têm capacidade operativa, e menos ainda financeira, para atender a todos.

No entanto, se considerarmos que o objetivo de todo sistema de saúde deve ser conservar a saúde das pessoas e diminuir ou retardar o dano uma vez estabelecido, podemos dizer que há muito a ser feito para dar sustentabilidade e credibilidade social e política a esses sistemas. Há evidências suficientes de que pessoas mais preocupadas, bem acompanhadas e orientadas podem reduzir significativamente seu nível de demanda, aumentando seus anos de vida saudável.

Isso implica um compromisso de todos os atores envolvidos e, muito em particular, das próprias pessoas. São muitos os fatores e atores que influenciam e colaboram nesse propósito. Os chamados determinantes sociais da saúde são vitais e anteriores à ação que as equipes de saúde podem e devem realizar: bom acesso à habitação, atividade física, alimentação, água potável, eletricidade e, sobretudo, educação, entre outros, são, de longe, muito mais importantes para que as pessoas sejam agentes protetores de sua própria saúde e da saúde de seus próximos.

Hoje existe um consenso fundamentado na importância da Atenção Primária à Saúde (APS) com enfoque familiar e comunitário; atuar perto das pessoas é essencial para influenciar na adesão a comportamentos saudáveis e para, oportunamente, evitar e conter danos. O Chile, país de complexa geografia, tem uma longa história de sucessos no desenvolvimento da APS.

No entanto, é necessário globalmente, não apenas no Chile, que essa estratégia seja fortalecida e aperfeiçoada operacionalmente, incorporando novas tecnologias, já disponíveis e em desenvolvimento, que permitiriam identificar e atender com maior integralidade e rastreabilidade os pacientes de maior risco, em particular aqueles acometidos por doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão arterial, diabetes ou depressão, entre muitas outras. Está demonstrado que uma porcentagem significativa de idosos tem 4 ou mais dessas doenças que, bem controladas, poderiam reduzir muito os danos e a demanda sanitária.

Entre essas tecnologias, podemos citar aquelas que permitem identificar e georreferenciar essas populações, o que permitirá atribuir com maior precisão recursos humanos, físicos e financeiros, melhorando a relação custo-efetividade desses cuidados. Prontuários eletrônicos sobre os quais se possa usar inteligência artificial permitiriam que essas pessoas sejam atendidas de maneira mais integral e precisa por equipes integradas e colaborativas de profissionais e técnicos bem treinados, que usem KPIs corretos – indicadores chave de desempenho – que permitam avaliar resultados, promovendo modelos de pagamento mais eficientes, oportunos e precisos. Usar sensores biométricos à distância e outras tecnologias da informação e comunicação (TICs) para monitoramento diário ou educação/treinamento desses pacientes de alto risco também pode ser altamente rentável. Todos esses dados devem estar disponíveis para serem compartilhados, com oportunidade e segurança, em redes assistenciais integradas, evitando a duplicação de exames laboratoriais e de imagem e outros procedimentos de alto custo e/ou risco. Focar na atenção às mulheres, que têm maior compromisso e dedicação com sua própria saúde e com a saúde de suas famílias, é altamente recomendado para alcançar bons e duradouros resultados sanitários.

Ao estar inserida no território onde vivem as pessoas, a APS pode interagir melhor com o intersetor, sendo especialmente relevantes a educação, a qualidade da habitação e do bairro e a segurança pública; novamente, a análise de dados e informações torna-se relevante para coordenar esses diferentes atores na busca de melhores condições de vida e saúde para as pessoas e suas famílias.

Em suma, há inúmeras oportunidades para que autoridades políticas e sociais e entidades seguradoras e prestadoras, públicas e privadas, bem como empresas de diversos setores, possam fazer contribuições a essa estratégia de cuidados. Isso implica novos incentivos e uma profunda mudança cultural para que, juntos, de forma colaborativa e proativa, possamos reverter a tendência atual, que é insustentável e está gerando profunda insegurança e desigualdade em porcentagens relevantes de nossas sociedades. Essa mudança requer muita e estratégica comunicação que acelere essa transformação inevitável e urgente, evitando conflitos e crises que apenas atrasam o que é inadiável. As pessoas não podem esperar.

 

Dr. Pedro García
Conselheiro Consultivo da LLYC Chile e Ex-Ministro da Saúde do Chile.

Mais de 3 milhões de espectadores se reúnem a cada quatro anos para ver mulheres e homens quebrarem recordes em pistas, piscinas, trampolins e arenas. A televisão e os meios de comunicação nos permitem há muito tempo desfrutar das competições e conhecer os três medalhistas cujos nomes percorrem o mundo. No entanto, até muito pouco tempo atrás nós quase não sabíamos nada sobre as vilas olímpicas onde residem quase 11 mil atletas durante 15 dias.

Então, chegaram os Jogos de Londres. E com eles começamos a conhecer um pouco mais sobre Michael Phelps, sua dieta e seus treinamentos que tiveram uma enorme repercussão. Também o vimos dançar ao ritmo de “Call me maybe” com toda a equipe de natação, um dos primeiros conteúdos a viralizar. No Rio, os stories do Instagram e do Snapchat permitiram que os atletas compartilhassem conteúdo mais informal e mostrassem as suas vidas por trás das câmeras. E finalmente, em Tóquio 2020, pudemos ver o impacto real da viralização por meio do TikTok e conseguimos nos conectar com pessoas reais, além das suas imagens olímpicas. Foi o caso de Simone Biles, que acabaria decidindo priorizar a saúde mental em detrimento da competição.

Nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, estamos presenciando uma nova maneira de vivenciar este evento olímpico. Vemos os atletas que dão a volta ao mundo sem sequer terem se classificado para as finais das suas competições e imagens que só fazem sentido à luz de memes e dos trends. O que esses momentos virais da cidade luz nos ensinaram?

 

 

É possível ser um ícone e gerar tendência mundial sem ganhar uma medalha

Henrik Christiansen, um nadador norueguês dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, viralizou como “Muffin Man” devido à sua paixão pelos muffins de chocolate servidos na Vila Olímpica. Os seus vídeos divertidos no TikTok mostram o seu amor pelos bolinhos, para os quais deu nota “11/10” e não hesitou em esconder alguns e olhar para eles apaixonadamente.

Os vídeos de Christiansen contagiaram alguns atletas, que transformaram o áudio do TikTok em tendência, alcançando mais de 20 milhões de reproduções apenas com um conteúdo sobre muffins. Dessa forma, ele aumentou a sua comunidade em 220%, mantendo uma taxa de engajamento de 14,8%, 8,5% a mais que o atingido pelo seu primeiro vídeo sobre o muffin. Quem diria para esse atleta que todos na vila olímpica o conheceriam e pediriam para fazer vídeos com ele?

 

 

O jogo da reputação: uma estratégia always on

Os Jogos Olímpicos não são apenas uma oportunidade de classificação esportiva para os atletas. Eles também representam a maior oportunidade para reforçar as suas marcas pessoais e chamar a atenção de patrocinadores, marcas parcerias e diversas oportunidades profissionais. O mesmo acontece com as cidades-sede dos Jogos Olímpicos, que são submetidas a constantes comparações com o desdobramento econômico e a organização estratégica de edições anteriores. Paris 2024 nos deixou muitas reflexões a esse respeito.

No âmbito de marca pessoal, vimos o retorno de uma Simone Biles mais forte do que nunca que, além de brilhar na sua atuação esportiva, trabalhou a sua marca pessoal por meio de diferentes canais ao longo do tempo. Desde que se retirou da final de Tóquio por, segundo suas declarações, não estar preparada mentalmente, a ginasta se transformou em um ícone de saúde mental. Depois de quatro anos, ela reapareceu nos Jogos Olímpicos com um documentário na Netflix que explica todo o trabalho por trás do seu retorno usando a narrativa do poema “Still I rise”, de Maya Angelou , “Ainda assim eu me levanto”, em tradução livre para o português.

Outros atletas, no entanto, sofreram os estragos de viralizações não intencionais. Foi o caso do nadador italiano Thomas Ceccon que se viu envolvido em uma enxurrada de conteúdo viral depois de um vídeo em que foi gravado dormindo em um parque supostamente devido às altas temperaturas na vila olímpica, situação da qual já havia reclamado. Depois que o vídeo viralizou, o remador saudita Husein Alireza, autor do conteúdo feito para os seus stories do Instagram, denunciou a quantidade de fake news e comentou que era comum atletas cochilarem ao ar livre perto do rio. Thomas Ceccon, por outro lado, afirmou: “tirei um cochilo de uma hora e as redes sociais explodiram”.

Mas não apenas os atletas vivem uma experiência de Jogos Olímpicos dominada pela reputação. A própria cidade de Paris se viu envolvida em inúmeras conversas nas redes que abordam os mais diversos temas: as “piscinas lentas”, aparentemente devido a uma profundidade menor do que diz a regulamentação; a cerimônia de abertura dos Jogos, altamente viralizada por uma reação de rejeição da comunidade cristã devido a uma representação específica recebida como ofensa; ou uma das polêmicas mais comentadas: saber se as águas do Sena são ou não seguras para nadar.

Do ponto de vista da comunicação, esta última polêmica teve vários giros de discursos interessantes que valem a pena estudar levando em consideração a gestão da reputação de marca turística e institucional. Tanto a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, como a ministra de Esportes, Amelie Oudea-Castera, tomaram banho no Sena para demonstrar confiança na limpeza do rio realizada antes dos Jogos. No entanto, no seu decorrer várias provas foram suspensas ou adiadas devido aos resultados do monitoramento da água, o que comprometeu a imagem da cidade na cobertura nas redes sociais e apesar de Paris ter anunciado que o Sena estará aberto ao público para banho em 2025.

 

 

A diversidade e a representação são a chave para a conexão

Poucas pessoas podem se sentir refletidas no físico ou nas capacidades dos atletas de alto rendimento. Durante os primeiros dias dos Jogos, pudemos ver Yusuf Dikec, um homem de 51 anos e aparência simples, ganhar a prata em Tiro sem nenhum equipamento técnico e com uma mão no bolso. Nas suas primeiras declarações, depois de viralizar, ele disse que apesar de ter representado o seu país em duas edições seguidas, nunca tinha aparecido no radar dos fanáticos. Agora, com milhões de memes e comentários ao redor do mundo, pôde entrar para a história como alguém que fez muitos sonharem com a possibilidade de chegar algum dia ao nível máximo da competição olímpica.

Quando falamos de representação, não podemos deixar de celebrar a alegria das atletas que também são mães, rompendo as desigualdades de gênero mais fortes no âmbito esportivo. Anos atrás, Allyson Felix conseguiu vencer um processo por discriminação por estar grávida. Hoje, ela conseguiu que o COI disponibilizasse salas de amamentação na Vila Olímpica. Desta forma, vimos fotos virais de atletas que podem abraçar os seus bebês depois de ganhar uma partida e mulheres grávidas competindo e vencendo. Qual será o próximo estigma a ser quebrado?

 

 

Os Jogos Olímpicos evidenciam o aumento da polarização do debate social

Este ano, os Jogos Olímpicos também se constituíram em um reflexo das profundas divisões que caracterizam um mundo cada vez mais polarizado. Somente nos últimos cinco anos e de acordo com o nosso relatório “The Hidden Drug”, a polarização cresceu até 40%, com Argentina e Espanha encabeçando a lista dos principais países de língua espanhola. Entre os temas mais polarizados, de acordo com o estudo “Da palavra ao algoritmo” que lançamos no começo deste ano, estão a mudança climática, o racismo e o feminismo, e não é de se estranhar que eventos globais como os Jogos Olímpicos sejam palco dessas divisões.

A participação de Imane Khelif, reconhecida boxeadora intersexual da Argélia, é um exemplo palpável deste fenômeno nas redes sociais. A sua presença nos Jogos deu início a um debate acalorado nas redes sociais sobre a equidade nas competições e a legitimidade da participação de atletas transgênero e intersexuais nas categorias femininas. Outro tema de discórdia foi a participação do atleta holandês Van de Velde, jogador de vôlei de praia que depois de cumprir pena de prisão por estupro se classificou para os Jogos Olímpicos e foi amplamente vaiado no decorrer da sua participação. A presença dele gerou um debate ético sobre a reinserção social e sobre se certos delitos deveriam impedir permanentemente a participação em eventos dessa magnitude.

A cerimônia de abertura dos jogos também foi motivo de controvérsia por diferentes motivos: a decisão de realizá-la ao longo do Sena enquanto a qualidade da água do rio estava sendo questionada, os espetáculos em alusão direta à decapitação de Maria Antonieta e uma performance criticada pela comunidade católica internacional e pelo Vaticano por considerá-la uma ofensa direta às suas crenças e um insulto à Última Ceia.

Apesar das divisões e controvérsias, os Jogos Olímpicos também se constituíram em um alto-falante do espírito de companheirismo e de solidariedade. O gesto de He Bing Jiao, jogadora chinesa de badminton que ganhou a medalha de prata, em relação à espanhola Carolina Marín foi elogiado internacionalmente. Depois da lesão que impediu Marín de continuar na competição, Bing Jiao usou um pin da Espanha na cerimônia de medalhas e enviou uma mensagem de incentivo nas redes sociais.

 

 

O poder da narrativa e do social listening

Em muitas das “for you page” de contas ao redor do mundo foi possível observar uma tendência global: com uma frase do tipo “sinto comunicar que não fui selecionado para os Jogos Olímpicos”, os usuários mostravam, em tom de humor, as suas quedas ou “fracassos” em qualquer torneio ou competição.

O que não era esperado era ver uma das estrelas da equipe de ginástica dos Estados Unidos, Suni Lee, fazendo o mesmo para mudar a narrativa do que havia acontecido em sua apresentação na barra de equilíbrio. Ela usou o vídeo sobre a sua queda, que estava sendo veiculado por todos os meios de comunicação, e o editou para mudar o trend de “Sorry to announce I didn’t make into the Olympic team” para “unfortunately I was selected for the olympics” [infelizmente eu fui selecionada para os Jogos Olímpicos], um humor que criou maravilhosamente bem uma conexão com o seu público e com os usuários do TikTok de uma maneira geral. Com mais de 4 milhões de reproduções, algo que poderia ter ficado como um simples “fracasso” logo ficou recheado de mensagens de apoio e elogios pelo senso de humor.

 

 

Concluindo, as redes sociais permitiram que os atletas se conectassem diretamente com os seus seguidores, compartilhando as suas experiências e humanizando o aspecto competitivo dos Jogos Olímpicos. Esse acesso sem precedentes à vida dentro da Vila Olímpica encantou o público por oferecer um olhar intimista e autêntico do significado de ser um atleta olímpico.

Os esportistas, por sua vez, demonstraram estar atentos às tendências digitais ao fazer referências a elas em suas comemorações, em suas respostas nas coletivas de imprensa ou nas legendas dos seus conteúdos digitais.

Está na hora de ver os “GRWM para ganhar uma medalha” e dançar ou posar ao ritmo das novas tendências. Os Jogos Olímpicos conquistaram as redes… Ou talvez seja o inverso. De qualquer forma, não resta dúvida de que entramos em uma nova era em que esportistas se transformaram em donos das suas próprias narrativas, cujo potencial vai além dos seus respectivos esportes.

 

 

Patricia Charro
Gerente de Brand & Ad Madri.

Andrea Cortés
Diretora de Marketing Solutions Key Clients México.

Dentro das estratégias de marketing, o patrocínio de eventos esportivos está evoluindo como uma estratégia crucial para as marcas que procuram se conectar com seu público de maneira autêntica e emocional. Não estamos falando apenas de visibilidade, mas de construir uma narrativa que se conecte com os valores e as aspirações dos consumidores. À medida que o mundo do marketing evolui, é importante que as marcas entendam e aproveitem as oportunidades inovadoras e significativas que o patrocínio esportivo oferece.

Tradicionalmente, o patrocínio esportivo estava limitado à colocação de logotipos em equipamentos, estádios e outros materiais promocionais. No entanto, na era digital e após o apogeu das redes sociais, essa estratégia evoluiu. As marcas já não procuram apenas visibilidade ou alcance, mas também uma associação emocional que fortaleça a sua identidade e crie um vínculo profundo com os fãs.

Um exemplo claro é o da Red Bull, que transformou o patrocínio esportivo em um elemento central da sua estratégia de marca. Em vez de se limitar a patrocinar times, equipes e eventos, a Red Bull cria e organiza os seus próprios eventos esportivos radicais, se posicionando como uma marca intrinsecamente ligada à aventura e à adrenalina. Esta abordagem não apenas aumenta a visibilidade como também estabelece uma conexão emocional sólida com seu público-alvo.

Por isso, pode-se dizer que as marcas com mais sucesso na área de patrocínio esportivo são aquelas que utilizam esses eventos como plataformas para contar uma história. A narrativa é fundamental para se diferenciar em um mercado saturado. A Nike, por exemplo, não apenas patrocina esportistas e equipes como incorpora essas associações em campanhas publicitárias que destacam valores como a superação pessoal e a igualdade representadas pelos esportistas patrocinados. A campanha “Dream Crazy”, protagonizada por Colin Kaepernick, é um exemplo de como a Nike utiliza o patrocínio para abordar temas sociais e se conectar emocionalmente com os seus consumidores.

Para que o patrocínio esportivo seja realmente efetivo é fundamental que exista um alinhamento claro entre os valores da marca e os do evento ou da equipe patrocinados. Os consumidores atuais são altamente conscientes e críticos e podem perceber facilmente quando uma associação parece forçada ou circunstancial.

O caso da Patagonia e os eventos esportivos ao ar livre, por exemplo, reflete um alinhamento perfeito entre a marca e o evento. A Patagonia é conhecida pelo seu compromisso com o meio ambiente e se associa a eventos que promovem a preservação e a sustentabilidade, reforçando, assim, a sua imagem de marca autêntica e comprometida.

No entanto, um dos maiores desafios no patrocínio esportivo é medir o impacto e o retorno sobre investimento (ROI). Ao contrário de outras estratégias, o impacto do patrocínio pode ser mais difícil de medir devido à sua natureza multiobjetivo. Agora, com o uso de ferramentas analíticas avançadas e o monitoramento de métricas importantes, como a participação nas redes sociais, o tráfego na web e as vendas impulsionadas pela campanha, as marcas podem obter uma visão mais clara da efetividade.

Com todos esses ingredientes, o futuro do patrocínio esportivo promete ser ainda mais dinâmico e inovador. Com o crescimento dos e-sports e a popularidade das novas plataformas de transmissão, as marcas têm a oportunidade de explorar novos territórios e formas de se conectar com públicos mais jovens e tecnologicamente sofisticados. Além disso, a crescente importância da responsabilidade social corporativa (RSC) faz com que as empresas e as marcas procurem associações que não apenas lhes ofereça visibilidade, mas que também reflitam os seus valores e contribuam positivamente com a sociedade.

Em resumo, o patrocínio de eventos esportivos é uma ferramenta poderosa em um mix de marketing para as marcas. Mas elas devem ir além da visibilidade e se concentrar em criar conexões emocionais, contar histórias significativas e alinhar-se autenticamente com os valores do evento, equipe ou time patrocinados. Em um mundo em que a sociedade valoriza cada vez mais a autenticidade e a responsabilidade, um patrocínio esportivo bem executado e ativado pode ser a chave para construir uma marca forte e ressonante.

No cuidado de um paciente, alcançar os objetivos esperados depende, em grande medida, do diagnóstico, do tratamento e dos cuidados médicos. Mas também dos cuidadores, que costumam ser familiares que oferecem a maior parte dos cuidados no longo prazo e que, em sua maioria, carecem de recursos para manter a sua própria saúde, bem-estar e segurança financeira.

O tema “cuidadores familiares” é por si só um problema de saúde pública. Por isso, é urgente reconhecer a relevância deles na vida do paciente em tratamento, nos desafios associados à recuperação de uma doença grave ou, inclusive, diante de problemas crônicos ou doenças não transmissíveis como diabetes, câncer ou doenças imunológicas que costumam impactar a mobilidade das pessoas e também a capacidade de ingerir alimentos ou medicamentos.

Este documento reflete a situação dos cuidadores que, embora possa variar de país para país, são um componente essencial para a recuperação da saúde de muitos pacientes com doenças devastadoras. Além disso, ele recomenda ações para fortalecer e apoiar o trabalho desenvolvido pelos familiares, especialmente as mulheres.

Não há dúvidas de que o setor de private equity nos Estados Unidos desempenha um papel primordial na economia do país e, inclusive em um período de relativa tranquilidade, continua sendo um setor robusto se comparado a qualquer outra região do mundo. Embora o mercado mundial de capital de risco pareça estar se recuperando aos poucos, tanto como fonte de novas operações como de novos investidores, o que pensam os próprios players do setor sobre o futuro do capital de risco em nível mundial? E como eles estão enfrentando os ventos desfavoráveis atuais – como o ambiente normativo e as taxas juros – para encontrar oportunidades de investimento em diferentes continentes.

Esta foi a pergunta que a empresa de jornalismo Axios explorou em seu recente evento, Axios’ The Next Era: Private Equity’s Global Path NYC. Nele, Dan Primack, jornalista da Axios especializado em capital de risco, entrevistou vários executivos do setor para conhecer os seus pontos de vista, entre os quais Christopher Machera, codiretor de Private Equity dos EUA na Weil, Gotshal & Manges LLP, e Robert Rizzo, sócio de capital de risco; Erik Hirsch, CoCEO da Hamilton Lane; e Eric Liu, diretor de capital de risco na América do Norte e codiretor mundial de saúde do EQT Group.

 

Capital de risco de caráter transfronteiriço

Machera e Rizzo destacaram que as operações internacionais se aceleraram e a que a demanda acumulada faz com que o mercado esteja preparado para uma recuperação. “O M&A em gestão de ativos é uma grande tendência. Houve uma enorme transferência de capital proveniente de patrocinadores europeus. Estamos vendo que muitos patrocinadores olham para os EUA quando se trata de capital de risco e outros investidores”, opinam eles.

Ambos defendem que um maior escrutínio regulatório, que inclua certo sentimento contrário à criação de acordos, não deveria afugentar os investidores. “Estamos enfrentando os mesmos problemas dos dois lados do Atlântico. Encontramos uma hostilidade sem precedentes no que diz respeito à negociação de acordos. Mas o mais importante é destacar que tanto nos Estados Unidos como na Europa, o capital de risco procura potencializar a natureza competitiva dos mercados e tudo o que o capital de risco está fazendo ao adquirir empresas e gerar negócios é fomentar esse objetivo”.

Eles também se mostram otimistas em relação à atividade mundial das operações agora que os mercados financeiros se normalizaram e que as opções de refinanciamento melhoraram. “Inclusive nas últimas semanas, estamos recebendo mais ligações sobre novas operações, não apenas minoritárias e secundárias mas também de aquisições alavancadas”, afirmou Rizzo. Além disso, ele ressaltou que estão ocorrendo mais processos de leilão que levam a acordos, bem como um aumento de cisões e aquisições privadas.

 

O tamanho – e a localização – importam

Outra tendência detectada no evento é a crescente divisão entre as grandes empresas internacionais de capital de risco e as demais, tanto em termos de vantagem para conseguir operações como de facilidade para levantar fundos.

Liu, do EQT, descreveu como a estratégia da sua empresa, que opera com escritórios menores em toda a Europa, contribuiu para reforçar a sua capacidade de negociação. Comparando com muitas outras empresas de capital de risco que só contam com escritórios no Reino Unidos, o EQT tem escritórios em mais de 25 países na Europa, Ásia e América. Ele afirmou que esta abordagem de “local para local” é efetiva quando existe uma operação em um país específico porque “conhecemos todo mundo lá. Então, é nisso que os nossos investidores investem”.

Hirsch, da Hamilton Lane, afirma que o IPO realizado em 2017 foi fundamental para construir a marca da empresa internacionalmente, especialmente na Ásia, e aumentar consideravelmente a competitividade. Embora afirme que nunca tenha visto um bloqueio na captação de fundos como o atual, Hirsch também prevê que os períodos de retenção mais longos chegaram para ficar, independentemente do ambiente de financiamento.

 

Tendências e previsões

Qual será o cenário para o private equity no futuro próximo? Os participantes do evento fizeram algumas previsões baseadas nas tendências que observam atualmente:

  • A abertura dos fundos de investimento privado às grandes fortunas mudará as regras do jogo, igualando a situação ao dar acesso a um tipo de ativos que as instituições desfrutam há muito tempo.
  • A transferência de recursos bancários para o crédito privado deve continuar.
  • Os acordos entre empresas de capital privado e seguradoras continuarão no futuro, especialmente no segmento mais amplo do mercado.
  • A digitalização de títulos está chegando à medida que os investidores de varejo e, depois, as instituições criam demanda.

 

Jennifer Hurson
Managing Director da Lambert by LLYC

O private equity experimentou um crescimento muito acentuado na Espanha, durante a última década. Este crescimento foi estimulado principalmente por três fatores: um contexto econômico favorável, a reputação que a Espanha ganhou como um destino atrativo para os investidores internacionais e o incremento do empreendedorismo e a criação de startups.

No entanto, apesar do bom desenvolvimento e das notícias positivas, o contexto atual não deixa de ser complexo e não está isento de desafios. Se nos aprofundarmos em questões mais específicas, segundo dados de 2023, o valor das operações de private equity caiu 37%, o valor das saídas foi reduzido quase pela metade, a captação de fundos também caiu e 38% menos fundos de buyouts foram fechados.

Neste sentido, existem certos fatores em nível global que podem afetar o desempenho e o desenvolvimento dos mercados privados, entre os quais se destacam a volatilidade, a liquidez, os desafios para levantar capital e as mudanças regulatórias.

No entanto, todo desafio vem acompanhado de oportunidades e a entrada de novos players ou o crescente interesse dos atuais, movidos pelas boas rentabilidades e pela diversificação, abre toda uma nova oportunidade para levantar capital por parte dos fundos.

Detectamos uma mudança no perfil do investidor, que depois de décadas começa a evoluir. Entre estes novos investidores destacam-se os family offices, para os quais o private equity se transformou em um ativo essencial. Sessenta e seis por cento dos family offices no mundo estão expostos a alternativas, no entanto, dentro das suas carteiras, isso representa apenas 16%. O Goldman Sachs recomenda que este tipo de investidores alcance uma exposição de 42% nas suas carteiras, de medo que ainda há muita margem para que sua carteira evolua gradualmente e ganhe peso nos mercados privados.

Outro player que surge no jogo são os investidores de varejo. Esta inclusão responde a uma megatendência internacional que é a democratização do capital privado e que teve início graças a uma redução dos limites de entrada e à digitalização do processo de investimento. Esta é uma grande oportunidade para o setor, já que 50% da riqueza mundial está nas mãos dos investidores individuais, mas ela representa apenas 15% dos investidores nos mercados privados.

Esta base mais ampla também propicia a liquidez nos mercados, dando origem a um mercado secundário com mais transacionalidade.

Em resumo, o mercado de private equity encontra-se em um momento crucial na Espanha. Apesar dos desafios que enfrenta, as oportunidades são numerosas e variadas e a capacidade dos fundos de private equity de adaptar-se às mudanças regulatórias, aproveitar as tendências tecnológicas e manter o crescimento sustentável será determinante para o seu sucesso futuro.

É fundamental que tanto os investidores como os gestores de fundos mantenham uma visão estratégica e flexível, buscando sempre a inovação e a geração de valor no longo prazo. Tenho certeza de que, com a abordagem adequada, o private equity na Espanha continuará sendo um motor vital para o crescimento econômico e a transformação empresarial.

 

Eduardo Navarro
Cofundador e presidente da Crescenta

“Durante os últimos dez anos, foi quase fácil demais gerar retornos”, observou Marc Nachmann, chefe global de gestão de ativos e patrimônios do Goldman Sachs, na conferência SuperReturn International, que aconteceu no início deste mês em Berlim.

A observação de Nachmann se refere aos anos de bonança sem precedentes desfrutados pela indústria de private equity mundialmente desde 2010, apoiados nos fatores que costumam indicar abundância para a indústria: baixas taxas de juros e altas valorizações nas bolsas de valores.

Assim, de acordo com os dados da Bain & Company, durante o período entre 2010 e o primeiro semestre de 2022, a indústria de private equity alcançou máximas históricas, fechando 2022 com: (i) US$ 654 bilhões em operações de buyout; (ii) US$ 565 bilhões de saídas e (iii) US$ 347 bilhões de captação de fundos.

No entanto, no dinâmico mundo de private equity, a sabedoria popular nos lembra que “tudo o que sobe tem que descer”. Esta máxima ressoa com especial força no contexto atual, em que o mercado, depois de alcançar máximas históricas, enfrenta uma inevitável correção.

Embora as valorizações nos mercados de valores se mantenham altas, o Federal Reserve (FED) e outros bancos centrais do mundo começaram a elevar as taxas de juros, diminuindo o financiamento barato e, com isso, as saídas e a captação de fundos.

Nas palavras de Scott Kleinman, Copresidente da Apollo Asset Management: “os tipos de rendimentos desfrutados por muitos anos até 2022, não serão vistos novamente tão cedo. Essa é a nossa realidade no momento”.

Hoje, depois de dois anos (2022-2024) de reduções no número de operações e de rendimentos, a indústria se pergunta se chegou ao fundo do poço e procura dar um impulso, buscando “micro” soluções diante das complexidades apresentadas pelo contexto macroeconômico.

Entre outras coisas, a “excelência operacional” foi uma das frases mais repetidas entre os palestrantes do SuperReturn, em alusão à capacidade dos fundos de private equity de se envolverem e melhorarem a operação e a gestão das empresas adquiridas, impulsionando as margens e, consequentemente, os retornos para os seus acionistas.

As empresas do México e da América Latina não estão alheias a este ciclo econômico e, como Sísifo desafiando a gravidade, devem se preparar para a descida depois de ter tocado o céu com as mãos.

Além dos fatores macroeconômicos, a indústria de private equity no México e na América Latina enfrenta outros desafios específicos do lugar.

No México, por exemplo, as mudanças sociopolíticas se apresentam, talvez, como o adversário mais relevante do private equity. A virada à esquerda do poder político, ocorrida em 2018, continuará pelo menos até 2030 (e com mais força política depois de obter praticamente a maioria qualificada que precisaria para propor qualquer tipo de reforma constitucional) e com ela, novas perguntas.

Em particular, uma das principais preocupações manifestadas pelos capitais tem a ver com a potencial reforma do Poder Judiciário da Federação, em que se propõe, entre outras coisas, a eleição popular das ministras e dos ministros que formam a Suprema Corte de Justiça da Nação.

Isto representa um duro golpe em um dos contrapesos institucionais que deram proteção à iniciativa privada durante o mandato de seis anos que termina este ano e permite antecipar ou imaginar um cenário de incerteza política e econômica que ameaça impactar negativamente a segurança e a certeza jurídica, indispensáveis para o florescimento de uma indústria como a de private equity.

Embora a presidente eleita do México (que tomará posse em 1º de outubro) tenha adotado medidas firmes para acalmar as preocupações dos investidores (incluindo reunião com cerca de 500 empresários pouco depois da sua vitória nas eleições, a boa recepção pública do seu gabinete presidencial e a apresentação do seu projeto de “Prosperidad Compartida” [Prosperidade Compartilhada, em tradução livre], as preocupações políticas e econômicas continuam palpáveis.

Contudo, não nos parece que seja o momento de ligar o alerta. Embora os rendimentos não sejam os mesmos nem, como disse Nachmann, cheguem tão facilmente como na última década, será um período em que poderão prosperar os players mais ousados, aqueles que encontrarem as melhores oportunidades no mercado e adotarem as melhores soluções operacionais, conseguindo os maiores rendimentos para os seus acionistas no curto e médio prazos no mercado mexicano e latino-americano, que prometem uma expansão importante nos próximos anos e, talvez, um retorno aos rendimentos extraordinários vistos na última década.

 

Santiago Ferrer
Sócio da Cuatrecasas no México

Emilio Ruvalcaba
Associado da Cuatrecasas no México

A Capital & Corporate, publicação líder no setor de private equity, antecipa os principais pontos do relatório sobre a atividade de capital privado na Espanha. A indústria tem grandes expectativas para 2024 e, embora o exercício tenha começado com mais cautela que o esperado, há indicadores de que a reativação ganhará velocidade na segunda metade do ano e de que 2025 e 2026 serão anos prolíficos para o mercado de private equity.

 

 

Guillermo Uribe
Diretor da Capital & Corporate

Como os fundos de private equity estão vendo o mercado? Sentem mais apetite para fazer operações? Acreditam que o gap de expectativas entre compradores e vendedores continuará se ajustando nos próximos meses? Como o mercado de financiamento evoluiu? Borja Gómez-Zubeldia, sócio da Tresmares Capital, compartilha a sua visão do mercado e conta como a empresa tem enfrentado os desafios que continuam definindo o ambiente.

 

 

Borja Gómez-Zubeldia
Sócio da Tresmares Capital