O impacto da inteligência artificial na saúde: oportunidades e desafios

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À medida que a humanidade se desenvolve, novas tecnologias são constantemente criadas. A década de 1990 foi marcada pela popularização da internet, navegadores web e celulares. Em 2007, o lançamento do iPhone pela Apple revolucionou a tecnologia móvel e os smartphones. Nesse mesmo período, surgiram a computação em nuvem e as redes sociais. Atualmente, o ChatGPT, lançado há dois anos, é considerado um dos maiores avanços tecnológicos recentes, popularizando a inteligência artificial (IA) – tecnologia que tem impulsionado avanços significativos em áreas como a saúde, transformando diagnósticos, tratamentos e a gestão de dados. E, assim como tudo o que é revolucionário, novos desafios também surgirão, como a privacidade e segurança de dados.

Segundo um mapeamento realizado em 2023 pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e pela Associação Brasileira de Startups de Saúde (ABSS), com patrocínio da Bionexo, que entrevistou representantes de hospitais de todas as regiões do Brasil, exceto da região Norte, 62,5% das instituições afirmaram utilizar IA de alguma forma. Desse total, 10% utilizam IA como apoio à decisão clínica e 8% na análise de imagens médicas. A IA tem melhorado a precisão no diagnóstico por imagem, ajudando a detectar doenças como câncer, doenças cardiovasculares e oculares. Ferramentas baseadas em IA, como as desenvolvidas pela Google Health, podem analisar radiografias, tomografias e ressonâncias magnéticas com alta precisão.

Em relação a detecção precoce de doenças, algoritmos de aprendizado de máquina têm sido usados para identificar sinais iniciais de doenças em imagens médicas, frequentemente com precisão comparável ou superior à dos radiologistas humanos. Além disso, outros exames utilizam IA para avaliar a probabilidade de alguém ter câncer ou identificar tumores em estágios iniciais, aumentando a taxa de cura e possibilitando tratamentos mais específicos, menos agressivos e, ocasionalmente, com menor impacto financeiro.

Outra oportunidade que caminha ao lado da IA – e que já vem sendo bastante utilizada – é a abordagem pela medicina personalizada, que se baseia na análise de grandes conjuntos de dados, incluindo informações genômicas, dados clínicos, histórico médico e resultados de testes. A IA pode não somente processar e analisar esses dados de maneira rápida e eficiente, identificando padrões e correlações que podem não ser aparentes para os seres humanos, mas também ajudar os médicos a selecionar o tratamento mais adequado e personalizado para cada paciente. Isso inclui a previsão da eficácia de diferentes terapias e a identificação de possíveis efeitos colaterais.

 

Desafios

Os avanços e transformações gerados pela IA são inegáveis, mas, ao mesmo tempo, novos desafios e pontos de atenção já podem ser observados. O mapeamento da Anahp e ABSS levantou ainda os desafios encontrados pelos entrevistados, sendo alguns deles: o engajamento dos corpos clínicos abertos é uma barreira para transformação; operadoras de saúde nem sempre acompanham a evolução tecnológica dos hospitais; há o desafio de manter a atenção e o cuidado ao paciente fora do hospital e, segurança de dados confiança no mercado ainda são baixas.

 

Recomendações

De acordo com a pesquisa de qualidade, segurança do paciente e a importância das ferramentas de suporte à decisão clínica – realizada em 2023 pela Anahp em parceria com a Wolters Kluwer – entre os 74 hospitais respondentes, 47,39% consideram a telemedicina importante no fluxo de atendimento ao paciente. Dentro desse grupo, 31,08% acreditam que é uma tecnologia aplicável no monitoramento remoto de pacientes e 43,24% que é uma forma de executar treinamentos remotos da equipe clínica. Assim, a telemedicina pode ser utilizada como ferramenta para melhorar o engajamento dos corpos clínicos, bem como manter a atenção e o cuidado ao paciente dentro e fora do hospital.

A fim de melhorar a segurança de dados e a confiança no mercado, é fundamental implementar políticas e regulamentações robustas de proteção de dados, bem como promover a transparência e a responsabilidade no uso da IA na saúde. No início de 2024, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou o Guia para Modelos Multimodais de Inteligência Artificial para a Saúde, que oferece, entre outras orientações, diretrizes para uso da IA que sejam éticas e condizentes com as leis de proteção de dados. No Brasil, é necessário que órgãos relevantes para o tema, como Ministério da Saúde e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), se dediquem na criação de normas, podendo inclusive ter como base o guia lançado, visto que o país é membro da OMS desde sua fundação. Dessa forma, a IA poderá ser plenamente explorada, garantindo a segurança dos usuários.

Giovanna Braga

Consultora de Healthcare e Advocacy LLYC Brasil