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1. A COMUNICAÇÃO POLÍTICA DÁ O SALTO PARA O TIKTOK
Até mesmo as instituições entenderam que precisam estar onde os usuários estão
Com o início do novo ano político, as redes sociais surpreenderam-nos com uma dupla notícia: os dois partidos hegemónicos da democracia espanhola deram o salto para o TikTok (cada um à sua maneira, é claro). Por um lado, o PSOE surpreendeu com o seu perfil TikTok de La Moncloa e a conta pessoal do Presidente Pedro Sánchez. Paralelamente, Alberto Núñez Feijóo também estreou uma conta no TikTok para exercer a oposição a partir das redes sociais.
Porquê estes movimentos repentinos? Não se trata apenas de atrair os eleitores mais jovens, mas de assumir que parte da conversa política já ocorre no TikTok. A plataforma é hoje mais uma peça da ágora digital, onde se cruzam humor, identidade e discurso público. Entrar lá significa quebrar mais uma barreira entre instituições e cidadãos, com a linguagem da cultura digital.
Mas não estamos a falar de uma tendência nova. Na altura, também foi surpreendente o salto de outras instituições do mundo ocidental para as redes sociais. É o caso do falecido papa Bento XVI, pontífice pioneiro no Twitter, ou da Casa Real britânica. Mas também não é preciso atravessar fronteiras para ver outros exemplos: sem ir mais longe, a Casa Real de Espanha abriu o seu Twitter em 2014 e, dez anos depois, abriu o Instagram. Também se destacou o caso da ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, que durante a pandemia utilizou as redes sociais para se comunicar com proximidade e transparência, transformando-as numa ferramenta de liderança e conexão com os cidadãos.
Mesmo as instituições mais antigas, conscientes do impacto social das redes sociais, ousam utilizar canais que antes consideravam pouco convencionais. As redes sociais são um terreno onde se constrói reputação e influência. E isso não escapa aos partidos nem às instituições, que entendem que liderar também passa por saber comunicar-se nessas redes.
2. PORTA-VOZES DA MARCA: PORQUE AS PESSOAS CONFIAM NAS PESSOAS
É assim que alguns líderes se destacam nos espaços comunicativos
A estratégia de comunicação dos líderes empresariais adaptou-se à realidade digital , sobretudo em canais profissionais como o LinkedIn. Hoje, a gestão de crises ou a defesa de uma postura corporativa exige presença ativa nos canais que o público utiliza, porque as pessoas confiam nas pessoas. O objetivo é claro: gerar proximidade, confiança e transparência sobre as marcas que representam.
Esta abordagem de liderança social demonstra como a voz do líder deve tornar-se um agente de relevância e um escudo protetor da marca, desde que se expresse com autenticidade. Não existe um modelo único de líder digital: o segredo está em adaptar a estratégia à personalidade do porta-voz e ao contexto em que comunica.
Sejam líderes experientes ou agentes de mudança, cada vez mais executivos concordam que elevar e trabalhar a sua identidade digital é uma alavanca fundamental não só para a sua visibilidade, mas também para a reputação da empresa que, afinal, representam.
3. DA LEITURA DIGITAL À TANGÍVEL
Do algoritmo ao encontro: quando a leitura transcende as redes e volta a ser tangível
Em plena saturação digital, a leitura tornou-se um refúgio analógico. Os perfis literários nas redes reivindicam a pausa, o critério e a conversa como um novo luxo cultural. Do scroll ao papel, ler volta a ser um ato de resistência face à imediatismo.
O auge dos bookstagramers e booktokers deu forma a comunidades que vivem a literatura de forma ativa. Com contas como @ hermosbooks , @ ciinderer , @ lidiacuervas , @ dxnivelasco ou @ cintiavelez_ , o boca a boca autêntico consolida-se como a melhor ferramenta de marketing editorial.
Mas o fenómeno já não fica na tela. Criadores como Ariane Hoyos levaram essa comunidade para o mundo físico, enchendo clubes de leitura presenciais onde os livros atuam como catalisadores da conexão entre o digital e o real. E o boom do género young adult na internet também deu lugar a encontros massivos como o Crush Fest de Barcelona, onde leitoras e criadoras se reúnem para celebrar juntas o que começou no algoritmo.
Até mesmo figuras globais como Dua Lipa, com a sua plataforma Service95, transformaram a leitura num símbolo cultural aspiracional, entrevistando autores e conectando novos públicos à literatura contemporânea.
A leitura volta a ser uma experiência partilhada: uma conexão que nasce nas redes, cria comunidade e se materializa fora da tela. Um território fértil não só para editoras e marcas que entendem que a influência cultural gera vínculo social e que hoje se escreve, se partilha e se vive.
4. A BATALHA PELO TEMPO NAS REDES SOCIAIS
Como o Instagram continua a reconfigurar a atenção digital
O Instagram quer que gostemos cada vez mais dele. Por trás das últimas mudanças técnicas na plataforma, percebe-se um objetivo: que dediquemos tempo a ele.
Meta introduziu no Instagram o formato ultra largo e também realocou as stories em destaque para revitalizar o feed e tentar atrair assim novas gerações que haviam migrado para outros formatos ou plataformas. A perda de relevância das hashtags e a dublagem automática dos reels, juntamente com a IA, demonstram um esforço para otimizar o conteúdo para os seus algoritmos e ampliar o seu alcance para novos utilizadores. E isto não são simples ajustes funcionais: é uma aposta aberta da Meta para continuar a ganhar tempo, o tempo dos utilizadores.