O Panorama Global do Private Equity (dos EUA)

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24 Jul 2024

Não há dúvida de que o setor de private equity nos Estados Unidos desempenha um papel fundamental na economia do país e, inclusive num período de relativa tranquilidade, continua a ser um setor robusto em comparação com qualquer outra região do mundo. Embora o mercado mundial de capital de risco parece estar a recuperar gradualmente, tanto como fonte de novas operações como de novos investidores, o que pensam os próprios intervenientes do setor sobre o futuro dos capitais de risco a nível mundial? E como estão a enfrentar os atuais ventos contrários – como o ambiente regulamentar e as taxas de juros – para encontrar oportunidades de investimento em diferentes continentes.

Esta é a questão que a agência noticiosa Axios explorou durante o seu recente evento, Axios’ The Next Era: Private Equity’s Global Path NYC. Neste evento, Dan Primack, jornalista da Axios especializado em capital de risco, entrevistou vários executivos do setor para conhecer os seus pontos de vista, entre eles destacam-se Christopher Machera, Codiretor de Private Equity dos EUA na Weil, Gotshal & Manges LLP, e Robert Rizzo, Sócio do setor de capital de risco; Erik Hirsch, Co-CEO da Hamilton Lane; e Eric Liu, Diretor do setor de capital de risco na América do Norte e Codiretor mundial do setor da saúde do EQT Group.

 

Capital de risco transfronteiriço

Machera e Rizzo observaram que as operações internacionais aceleraram e que a procura acumulada faz com que o mercado esteja pronto para uma recuperação. Na sua opinião, “As fusões e aquisições na gestão de ativos são uma grande tendência. Tem havido uma enorme deslocação de capitais provenientes de patrocinadores europeus; estamos a assistir a um grande número de patrocinadores que procuram os EUA quando se trata de capital de risco e outros investidores”.

Ambos defendem que um maior escrutínio regulamentar, que inclua um sentimento contrário à criação de acordos, não deve afugentar os investidores. “Estamos a enfrentar os mesmos problemas em ambos os lados do Atlântico. Estamos a deparar-nos com uma hostilidade sem precedentes no que diz respeito à negociação de acordos. Mas o mais importante a salientar é que, tanto nos Estados Unidos como na Europa, o capital de risco procura reforçar a natureza competitiva dos mercados e tudo o que o capital de risco está a fazer ao adquirir empresas e gerar negócios é promover esse objetivo”.

Estão também otimistas no que diz respeito à atividade global das operações, agora que os mercados de financiamento estão normalizados e que as opções de refinanciamento melhoraram. Rizzo afirmou: “inclusive nas últimas semanas, estamos a receber mais chamadas sobre novas operações, não só minoritárias e secundárias, mas também de aquisições alavancadas”. Referiu ainda que estão a decorrer mais processos de licitação que levam a acordos, bem como a um aumento das cisões e das aquisições privadas.

 

O tamanho -e a localização- importam

Outra tendência detetada no evento é a crescente divisão entre as grandes empresas internacionais de capital de risco e as restantes, tanto em termos de vantagens na realização de operações como de facilidade de angariação de fundos.

Liu, da EQT, descreveu a forma como a estratégia da sua empresa, que opera em escritórios mais pequenos em toda a Europa, contribuiu para reforçar a sua capacidade de negociação. Em comparação com muitas outras empresas de capital de risco com escritórios apenas no Reino Unido, a EQT tem escritórios em mais de 25 países na Europa, Ásia e América. Afirmou que esta estratégia “de local para local” é eficaz quando há uma operação num determinado país porque “aí conhecemos toda a gente. É nisso que os nossos investidores investem”.

Hirsch, da Hamilton Lane, defende que a IPO de 2017 foi fundamental para construir a marca da empresa a nível internacional, sobretudo na Ásia, e para aumentar consideravelmente a sua competitividade. Apesar de salientar que nunca viu um obstáculo à angariação de fundos como o atual, Hirsch também prevê que os períodos de retenção mais longos vieram para ficar, independentemente do ambiente de financiamento.

 

Tendências e previsões

Como será o panorama do private equity num futuro próximo? Os participantes no evento fizeram algumas previsões com base nas tendências que observam atualmente:

  • A abertura dos fundos de investimento privados às grandes fortunas irá mudar as regras do jogo, nivelando a situação ao dar acesso a uma categoria de ativos de que as instituições há muito beneficiam.
  • Prevê-se que a passagem dos recursos bancários para o crédito privado continue.
  • Os acordos entre empresas de capital privado e seguradoras irão continuar no futuro, sobretudo no segmento de mercado mais alargado.
  • A digitalização dos valores mobiliários está a chegar, à medida que os investidores de retalho e depois as instituições criam procura.

 

Jennifer Hurson
Managing Director da Lambert by LLYC