O panorama mundial de private equity (da perspectiva dos EUA)

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Não há dúvidas de que o setor de private equity nos Estados Unidos desempenha um papel primordial na economia do país e, inclusive em um período de relativa tranquilidade, continua sendo um setor robusto se comparado a qualquer outra região do mundo. Embora o mercado mundial de capital de risco pareça estar se recuperando aos poucos, tanto como fonte de novas operações como de novos investidores, o que pensam os próprios players do setor sobre o futuro do capital de risco em nível mundial? E como eles estão enfrentando os ventos desfavoráveis atuais – como o ambiente normativo e as taxas juros – para encontrar oportunidades de investimento em diferentes continentes.

Esta foi a pergunta que a empresa de jornalismo Axios explorou em seu recente evento, Axios’ The Next Era: Private Equity’s Global Path NYC. Nele, Dan Primack, jornalista da Axios especializado em capital de risco, entrevistou vários executivos do setor para conhecer os seus pontos de vista, entre os quais Christopher Machera, codiretor de Private Equity dos EUA na Weil, Gotshal & Manges LLP, e Robert Rizzo, sócio de capital de risco; Erik Hirsch, CoCEO da Hamilton Lane; e Eric Liu, diretor de capital de risco na América do Norte e codiretor mundial de saúde do EQT Group.

 

Capital de risco de caráter transfronteiriço

Machera e Rizzo destacaram que as operações internacionais se aceleraram e a que a demanda acumulada faz com que o mercado esteja preparado para uma recuperação. “O M&A em gestão de ativos é uma grande tendência. Houve uma enorme transferência de capital proveniente de patrocinadores europeus. Estamos vendo que muitos patrocinadores olham para os EUA quando se trata de capital de risco e outros investidores”, opinam eles.

Ambos defendem que um maior escrutínio regulatório, que inclua certo sentimento contrário à criação de acordos, não deveria afugentar os investidores. “Estamos enfrentando os mesmos problemas dos dois lados do Atlântico. Encontramos uma hostilidade sem precedentes no que diz respeito à negociação de acordos. Mas o mais importante é destacar que tanto nos Estados Unidos como na Europa, o capital de risco procura potencializar a natureza competitiva dos mercados e tudo o que o capital de risco está fazendo ao adquirir empresas e gerar negócios é fomentar esse objetivo”.

Eles também se mostram otimistas em relação à atividade mundial das operações agora que os mercados financeiros se normalizaram e que as opções de refinanciamento melhoraram. “Inclusive nas últimas semanas, estamos recebendo mais ligações sobre novas operações, não apenas minoritárias e secundárias mas também de aquisições alavancadas”, afirmou Rizzo. Além disso, ele ressaltou que estão ocorrendo mais processos de leilão que levam a acordos, bem como um aumento de cisões e aquisições privadas.

 

O tamanho – e a localização – importam

Outra tendência detectada no evento é a crescente divisão entre as grandes empresas internacionais de capital de risco e as demais, tanto em termos de vantagem para conseguir operações como de facilidade para levantar fundos.

Liu, do EQT, descreveu como a estratégia da sua empresa, que opera com escritórios menores em toda a Europa, contribuiu para reforçar a sua capacidade de negociação. Comparando com muitas outras empresas de capital de risco que só contam com escritórios no Reino Unidos, o EQT tem escritórios em mais de 25 países na Europa, Ásia e América. Ele afirmou que esta abordagem de “local para local” é efetiva quando existe uma operação em um país específico porque “conhecemos todo mundo lá. Então, é nisso que os nossos investidores investem”.

Hirsch, da Hamilton Lane, afirma que o IPO realizado em 2017 foi fundamental para construir a marca da empresa internacionalmente, especialmente na Ásia, e aumentar consideravelmente a competitividade. Embora afirme que nunca tenha visto um bloqueio na captação de fundos como o atual, Hirsch também prevê que os períodos de retenção mais longos chegaram para ficar, independentemente do ambiente de financiamento.

 

Tendências e previsões

Qual será o cenário para o private equity no futuro próximo? Os participantes do evento fizeram algumas previsões baseadas nas tendências que observam atualmente:

  • A abertura dos fundos de investimento privado às grandes fortunas mudará as regras do jogo, igualando a situação ao dar acesso a um tipo de ativos que as instituições desfrutam há muito tempo.
  • A transferência de recursos bancários para o crédito privado deve continuar.
  • Os acordos entre empresas de capital privado e seguradoras continuarão no futuro, especialmente no segmento mais amplo do mercado.
  • A digitalização de títulos está chegando à medida que os investidores de varejo e, depois, as instituições criam demanda.

 

Jennifer Hurson
Managing Director da Lambert by LLYC