Avanço na medicina adaptativa e personalizada para melhorar a qualidade de vida de pacientes com câncer de mama

Avanço na medicina adaptativa e personalizada para melhorar a qualidade de vida de pacientes com câncer de mama

Até poucos anos atrás, a medicina se concentrava em pesquisar e desenvolver soluções terapêuticas que pudessem atender às necessidades do maior número possível de pacientes.

Hoje, graças aos avanços da pesquisa e inovação, que estão desvendando os mistérios do genoma humano e da origem de cada tumor, e também graças às novas tecnologias para diagnósticos cada vez mais precisos e tratamentos localizados, abre-se uma nova era em que a medicina é especializada em responder às necessidades específicas de cada paciente.

Este é o principal objetivo do estudo PHERgain, que promovemos e lideramos a partir do MEDSIR, com a ajuda de nosso ecossistema de parceiros colaboradores: demonstrar que é possível uma redução no uso de quimioterapia para o tratamento de HER-2 câncer de mama positivo (HER2+), reduzindo assim os efeitos colaterais e toxicidade do tratamento, e melhorando a qualidade de vida das pacientes.

O câncer de mama HER2+ representa entre 15-20% de todos os tumores de mama diagnosticados e é caracterizado pelo aumento da expressão de uma proteína chamada HER2, que aumenta a agressividade e a possibilidade de desenvolvimento de metástases desses tumores. Pacientes diagnosticados com câncer de mama HER2+ localizado são rotineiramente tratados com uma combinação de quimioterapia e terapias direcionadas a HER2 que bloqueiam especificamente essa proteína (trastuzumabe e pertuzumabe).

A quimioterapia é muito eficaz para matar células cancerígenas, mas está associada a alta toxicidade e efeitos colaterais, pois também danifica outras células saudáveis. As estratégias de tratamento sem quimioterapia, por exemplo, o uso de trastuzumab e pertuzumab, podem parar, prevenir ou retardar o crescimento de células cancerígenas com menos efeitos colaterais.

O estudo PHERGain envolveu investigadores de 45 centros localizados em sete países europeus e incluiu um total de 356 pacientes com câncer de mama HER2+ localizado. Os resultados obtidos têm sido muito promissores, pois não só demonstram que alguns pacientes podem ser tratados de forma segura e eficaz sem quimioterapia, mas também mostram que desenhos de ensaios adaptativos são benéficos, destacando a importância de desenhar estudos estratégicos e inovadores de interesse clínico aos pacientes.

De acordo com os resultados do PHERgain, apresentados no congresso internacional ASCO 2023 em Chicago em junho passado, graças a uma estratégia terapêutica baseada em PET-CT e na resposta patológica, foi possível identificar que cerca de 30% das pacientes com câncer de mama HER2+ localizado, poderiam ser poupadas com segurança do tratamento quimioterápico. Além disso, o estudo mostra que 95,4% de todos os pacientes que seguiram essa estratégia de tratamento permanecem livres de câncer após 3 anos de acompanhamento.

O estudo PHERGain é de grande importância por vários motivos. Antes de tudo, é um estudo pioneiro que ajusta gradativamente o tratamento de cada paciente com base em como ele está respondendo à terapia, o que representa um passo para uma medicina mais personalizada, baseada na participação global do ecossistema de colaboradores. Ao contrário dos ensaios clínicos típicos que comparam dois braços de tratamento, o desenho do estudo PHERGain se concentra em determinar a resposta de cada paciente ao tratamento e adaptar seus cuidados de acordo com suas necessidades individuais.

Além disso, este estudo estabelece as bases para estudos futuros que buscam desenvolver ferramentas de prognóstico mais precisas, com o objetivo de identificar melhor as pacientes com câncer de mama HER2+ localizado que podem evitar a quimioterapia com segurança.

Em última análise, os resultados favoráveis ​​não apenas demonstram a possibilidade de tratar alguns pacientes com segurança e eficiência sem quimioterapia, mas também apóiam o valor de desenhos de testes adaptativos e sua aplicação sempre que possível. Esses designs permitem que o tratamento seja ajustado dinamicamente com base na resposta individual de cada paciente, o que pode melhorar significativamente os resultados clínicos e abrir novas perspectivas no campo do tratamento do câncer de mama HER2+. 

MEDSIR

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