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Trinta por cento das doentes com cancro da mama HER2-positivo localizado podem ser curadas sem quimioterapia, reduzindo drasticamente os efeitos secundários do tratamento. Esta é a conclusão de um dos ensaios clínicos da MEDSIR – empresa que se dedica a promover a investigação clínica independente em oncologia a nível internacional – que foi recentemente publicado na The Lancet, uma das revistas científicas mais relevantes a nível internacional.
Assim, após 3 anos de monitorização de resultados, com esta publicação, a revista vem reforçar a aposta na investigação clínica independente em cancro da mama. O estudo, denominado PHERGain, foi co-dirigido pelos oncologistas Dr. Antonio Llombart-Cussac e Dr. José Pérez e contou com a colaboração de uma equipa multidisciplinar que inclui investigadores de 45 centros de 7 países europeus. No total, foram incluídas 356 doentes com cancro da mama localizado HER2-positivo. Os resultados são extraordinariamente relevantes, pois aproximam-nos cada vez mais do fim da quimioterapia numa percentagem significativa de doentes com este tipo de tumor.
Após 7 anos de investigação
Ao contrário dos ensaios clínicos promovidos pela indústria farmacêutica, os estudos independentes iniciados por investigadores são concebidos, desenhados, implementados e monitorizados pelos investigadores principais e pela sua equipa, em colaboração com uma rede de hospitais ou centros de investigação. É muito gratificante para a MEDSIR que a revista The Lancet reconheça o imenso trabalho subjacente a um ensaio clínico como o PHERGain, desde a conceção até à publicação dos resultados. Foram 7 anos de investigação em que estivemos imersos na procura de estratégias de tratamento para manter ou melhorar as elevadas taxas de cura das pacientes diagnosticadas com cancro da mama HER2-positivo localizado.
Rumo à medicina personalizada
Com os resultados obtidos, pudemos constatar que muitos doentes podem ser tratados de forma segura e eficaz sem quimioterapia e sem comprometer o seu prognóstico em relação aos restantes. Além disso, destacámos a importância e o benefício dos ensaios clínicos adaptativos, centrados no doente individual, por oposição aos desenhos clássicos, que opõem duas opções de tratamento fechadas entre si.
Este é o primeiro estudo que ajusta gradualmente o tratamento de cada doente com base na forma como este está a responder à terapia, avançando assim para uma medicina mais personalizada, com base no envolvimento global do ecossistema de parceiros acadêmicos e clínicos, cuja contribuição foi muito notável neste estudo clínico.
Embora tenham sido publicados os resultados do acompanhamento a três anos relacionados com o parâmetro primário do estudo, continuaremos a avançar. O estudo PHERGain está em curso e avaliará a evolução dos doentes a longo prazo, tanto aos 5 como aos 7 anos após a cirurgia.
Para além do PHERGain
O MEDSIR está também a conceber novos estudos e a realizar outros, como o estudo PHERGain-2, que tem uma abordagem semelhante, mas em doentes com tumores mais pequenos. Estamos a conceber a forma de otimizar a estratégia, não só reduzindo a intensidade do tratamento, mas adaptando-a especificamente a cada caso e também aumentando-a num grupo de doentes que necessitam de mais tratamento. Estamos convencidos de que a qualidade da elaboração deste tipo de estudos conduzir-nos-á a resultados encorajadores. Sempre com o mesmo objetivo: melhorar a qualidade de vida dos doentes com tratamentos inovadores.
Dr. Javier Cortés.
Investigador principal do estudo PHERGain e fundador da MEDSIR.