A investigação oncológica: um pilar fundamental para superar a taxa de 70% de sobrevivência ao cancro

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1 dez 2023

Estima-se que, a partir de hoje, 1 em cada 2 homens e 1 em cada 3 mulheres terão cancro ao longo da vida, tornando-o um dos problemas de saúde mais importantes do mundo. Dada esta realidade, a Associação Espanhola Contra o Cancro tem o desafio de alcançar uma taxa de 70% de sobrevivência ao cancro em 2030. Para o conseguir, é essencial promover a investigação oncológica e garantir o acesso dos pacientes aos resultados da investigação, garantindo que todos tenham acesso à medicina e aos tratamentos mais inovadores.

De acordo com os dados mais recentes, anualmente o nível médio de sobrevivência ao cancro aumenta cerca de 0,6% graças, sobretudo, à investigação, o que permite dispor de tratamentos mais eficazes. Mas é uma tarefa que exige um compromisso firme e contínuo.

Embora estes dados tragam esperança e indiquem que a investigação oncológica tem avançado progressivamente nos últimos anos, ainda temos um longo caminho a percorrer para alcançar avanços significativos no cancro e melhorar a vida de milhares de pacientes. Um exemplo claro é que, em 2020, Espanha dedicou 333,1 euros por habitante à I&D, mais 6% do que em 2010. No entanto, se compararmos este investimento com os nossos países vizinhos, este número é notavelmente inferior e é o país com o menor crescimento desde 2010. Por exemplo, o investimento na Alemanha aumentou durante o mesmo período em 48%, em França em 19,8% ou 28,3% em Itália.

Unindo forças para alcançar uma taxa de 70% de sobrevivência

A Associação Espanhola Contra o Cancro e a ação da nossa Fundação Científica apoiam os doentes há mais de 50 anos, trabalhando para aliviar e prevenir, na medida do possível, o sofrimento causado às pessoas pelo cancro, onde quer que vivam e independentemente das suas circunstâncias pessoais. Isto implica também promover a investigação oncológica, com o objetivo de dar resposta aos grandes desafios criados por esta doença.

O apoio de entidades públicas e privadas é essencial para complementar o investimento público e promover a investigação oncológica para melhorar as técnicas de diagnóstico e o tratamento do cancro e para desenvolver ações específicas que permitam o progresso contínuo e a sensibilização para a importância da investigação.

Fruto desta necessidade de colaboração nasceu a nossa iniciativa ‘Todos Contra o Cancro’, um movimento social que procura envolver pessoas, empresas e instituições na luta contra o cancro e conseguir reverter os números da mortalidade, garantindo a sobrevivência de muitos pacientes e melhorando a sua qualidade de vida.

Este compromisso com a investigação é reafirmado na nossa organização ano após ano. De facto, em 2022, atingimos um recorde histórico na nossa organização: ultrapassámos os 24,5 milhões de euros em 195 bolsas destinadas à investigação de novas soluções que melhorem a qualidade de vida dos pacientes, o maior investimento em investigação contra o cancro da nossa história.

Equidade e investigação: uma equação pendente

Quando falamos de investigação, falamos também de desigualdade. Um exemplo claro disso é como, todos os anos, em Espanha, mais de 100.000 pessoas são diagnosticadas com um tumor com uma taxa de sobrevivência inferior a 30% e, entre 22% e 24% dos novos casos de cancro, são tumores raros e com poucas opções de tratamento, sobretudo porque não são atribuídos recursos suficientes à sua investigação. Por isso é fundamental promover a investigação oncológica, com o objetivo de garantir a todos os pacientes a opção de dispor dos últimos avanços para poder tratar e prevenir a doença.

Para justificar esta necessidade, por ocasião do Dia Mundial da Investigação do Cancro – World Cancer Research Day, organizámos um evento em Londres juntamente com outras organizações europeias líderes, um evento no qual colocámos sobre a mesa a necessidade de alcançar a equidade e incorporar a diversidade na investigação das populações mundiais.

Promover o talento da investigação em Espanha

Outro desafio a enfrentar em relação à investigação oncológica é como o perfil do investigador em Espanha continua a ser “envelhecido” com uma idade média de cerca de 50 anos desde 2014. Nos últimos 4 anos, não houve uma melhoria significativa na liderança feminina, nem na entrada de jovens talentos na investigação do cancro. Estes resultados continuam a apontar para uma dificuldade na consolidação do talento dos investigadores, colocando em perigo a sustentabilidade a longo prazo da investigação sobre o cancro.

Para resolver este problema, a Associação promove bolsas destinadas a investigadores, com o objetivo de dar resposta às necessidades clínicas, bem como cobrir as necessidades da comunidade científica para que possam desenvolver o seu trabalho em Espanha. Estas bolsas abrangem diferentes níveis: tanto o perfil mais jovem que procura realizar um estágio, como o perfil sénior pós-doutoramento que realiza a sua própria investigação.

Em suma, não podemos evitar que o cancro afete a nossa sociedade, mas o que está nas nossas mãos é a forma como o enfrentamos. Para tal, é essencial promover a investigação oncológica, com o objetivo de oferecer novas soluções e, assim, melhorar a vida de milhares de pacientes. E para consegui-lo devemos colaborar unindo esforços e recursos. Porque apenas se todos nos unirmos poderemos combater eficazmente o cancro.

Yolanda Domínguez Vega
Diretora de Comunicação e Marca da Associação Espanhola Contra o Cancro.