“Em um domingo qualquer de dezembro de 2016, Edward Welch, de vinte e oito anos, pai de dois filhos e bombeiro voluntário, saiu da sua casa na Carolina do Norte determinado a resolver por conta própria o que via nas notícias. Conduziu o seu veículo por 600 quilômetros até Washington e entrou na pizzaria Comet Ping Pong, armado com um rifle de assalto AR-15, uma pistola e 29 cartuchos de munição, em plena hora do rush. Disparou três vezes para o ar, felizmente sem atingir ninguém, e se dispôs a procurar corredores, câmaras subterrâneas e sinais satânicos. Estava convencido de que ali dentro haviam crianças sequestradas e exploradas sexualmente por uma rede de pedofilia dirigida pelo diretor de campanha de Hillary Clinton”.
Assim começa o terceiro capítulo do livro Fake News, La verdad de las noticias falsas (Fake News. A Verdade das Notícias Falsas), publicado recentemente pelo jornalista Marc Amorós. Ele nos alerta para o fato de que as fake news não são uma piada, e que podem ter consequências reais. Para Edward Welch, uma condenação real à quatro anos de prisão pelo caso que ficou conhecido como “PizzaGate”, descrita nesta reportagem do jornal The New York Times.
As fake news não são um fenômeno transitório, mas sim uma tormenta perfeita, trazida pela tecnologia, e que não se dissipará nos próximos anos. A consultoria tecnológica Gartner assegura no seu relatório Previsões Tecnológicas para 2018, que em 2022 os cidadãos das economias mais avançadas consumirão mais informação falsa do que verdadeira.
Além do impacto político e midiático, o relatório destaca que as fake news representam um grave problema para as empresas: “as empresas não devem controlar de perto apenas o que se diz sobre as suas marcas diretamente, mas também em que contexto, para se assegurarem de que não estejam associadas com nenhum conteúdo que possa ser prejudicial para o valor da sua marca”. É importante destacar também que, de acordo com o MIT, as fake news têm 70 % mais chance de serem retuitadas, e que são as pessoas reais (e não os bots) as responsáveis pela propagação dessas informações.
Neste cenário, o silêncio não é uma opção e as empresas precisam assumir uma postura mais ativa para enfrentar os obstáculos dessa desinformação. Seguindo esta linha, Marc Amorós aponta três conselhos fundamentais que as empresas devem seguir se quiserem vencer a batalha contra as fake news.
A necessidade de trabalhar na prevenção: combater a desinformação com advocacy
A estas reflexões, gostaríamos de acrescentar a necessidade de trabalhar na prevenção. Uma prevenção que passa pelo desenvolvimento de programas de identidade digital, que promovam a presença de líderes e colaboradores das empresas nas redes sociais. Enfrentar, definitivamente, as fake news com ações de advocacy. Podemos resumir os principais benefícios dessa perspectiva em quatro pontos-chaves:
#1 Humaniza a comunicação
Empresas que apostam em uma “voz humana” como uma proposta de valor aumentam sua credibilidade.
#2 Potencializa a liderança e amplia a influência das empresas
Trabalhar com a influência online de uma empresa requer trabalhar com a identidade digital de seus líderes e colaboradores.
#3 Posiciona os embaixadores como referências
O desenvolvimento de uma identidade digital sólida e consistente dos embaixadores faz com que a participação nas comunidades de interesse seja qualificada e contribui para que sejam valorizados como porta-vozes sobre diversos temas e/ou assuntos.
#4 Promove a transparência e contribui para a reputação
Os líderes que lidam de maneira inteligente com essa mudança cultural contribuirão com a melhoria da reputação das empresas que representam.
Não estamos diante de uma questão simples e, portanto, exige que recorramos a soluções mais sofisticadas para nos prepararmos. Os profissionais de comunicação e reputação têm a necessidade de enfrentar novos problemas com novas soluções e as fake news são um novo problema, que parecem (infelizmente) ter vindo para ficar. Sobre como lidar passo a passo com estas novas soluções e como implementá-las, discutiremos detalhadamente com este relatório.
A ficção acaba se tornando, pela força da repetição, em realidade e essa pseudo-realidade gerada, em “verdade compartilhada”. O esforço conjunto para combatê-las está nas mãos das empresas e da sociedade.
Para continuar aprofundando neste assunto e conhecer a opinião de nossos profissionais, você pode baixar o relatório completo através deste link.
Autores
María Obispo
Mar Velasco Baron
Vanessa Álvarez