MACHINE MARKETING

a nova fronteira estratégica na era da IA generativa

“A inteligência artificial está marcando uma nova etapa na história do marketing e da publicidade moderna, na qual existe um novo player: a IA, que começa a definir a sua imagem e condiciona a percepção da sua marca perante os consumidores. Existe uma nova estratégia de marketing para as máquinas que devemos implementar rapidamente para não perdermos a corrida pela preferência dentro do nosso público-alvo

Hoje: conquistar a IA é conquistar o consumidor”

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FEDERICO ISUANI
PARTNER AND MARKETING SOLUTIONS AMERICAS LEAD

THE NEXT MINDSET: MACHINE MARKETING

Você está preparado para a IA ter mais poder do que o seu próprio plano de marketing?

A inteligência artificial generativa não é apenas mais uma ferramenta, é o principal agente de um profundo reordenamento na comunicação e na confiança que os consumidores depositam nas marcas.

The Next Mindset nos convida a mudar o olhar para mudar a mentalidade. Para questionarmos como agimos em três áreas críticas para qualquer empresa: influence, decision making e engagement. Quando aplicamos essa perspectiva ao marketing, surge uma conclusão inevitável: a IA já não é um mero recurso tecnológico, é mais um stakeholder que influencia a visibilidade, a reputação e a credibilidade das marcas.

Isso traz perguntas incômodas, porém urgentes:

  • A sua estratégia de negócio, comunicação e marketing está preparada para interagir com a IA como um ator decisivo?
  • Você está ciente do risco real de cair na invisibilidade se os algoritmos não o citarem nem recomendarem?

Os algoritmos estão transformando em tempo real como descobrimos, escolhemos e confiamos nas marcas. Emocionar o consumidor humano já não é suficiente. Também é imprescindível convencer o sistema que filtra e decide o que mostrar. Os chatbots como ChatGPT, as AI Overviews do Google ou os assistentes de voz como Alexa estão reescrevendo as regras do jogo.

Diante desse cenário, estamos dando um passo pioneiro com The Next Marketing: Machine Marketing, o primeiro ecossistema estratégico desenvolvido para competir neste novo território. Uma proposta que combina criatividade, dados e tecnologia para um objetivo claro: ajudar as marcas a sobreviver e liderar na era algorítmica.

Emocionar o consumidor humano já não é suficiente. Também é imprescindível convencer o sistema que filtra e decide o que mostrar.

Este relatório oferece um roteiro prático e disruptivo: evidencia a magnitude da mudança, explica o modelo de marketing dual (pessoas + algoritmos) e apresenta soluções concretas que já estão gerando impacto real.

Porque o desafio não é futuro, é imediato. Se os algoritmos decidem quais informações mostrar e que marcas merecem credibilidade, a pergunta é clara:
Quais alavancas você está acionando hoje para manter a sua empresa relevante nas conversas do amanhã?

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O novo território do jogo

Como a inteligência artificial muda as regras do marketing

Do clique ao zero clique: a era das respostas imediatas

A “internet do clique” está se esgotando. Durante anos os consumidores navegaram entre links, compararam fontes e decidiram por si mesmos. Hoje, mais de 35% das buscas globais são respondidas diretamente por uma IA, sem necessidade de sair da interface conversacional.

O Google já mostra isso: as suas AI Overviews geram respostas completas dentro da própria página de resultados. Em apenas dois meses, o percentual de consultas com esse formato duplicou ( de 6,49%, em janeiro de 2025, para 13,14%, em março en marzo ). E a tendência não para. Cada vez mais usuários recebem uma única resposta algorítmica em vez de uma lista de links.

A consequência é radical: a visibilidade de uma marca não depende de aparecer em um ranking, mas de estar incluída na primeira e única resposta gerada pela máquina.

Da confiança humana à confiança algorítmica

Durante décadas, a confiança foi construída na recomendação de outras pessoas: familiares, especialistas, mídia e, mais tarde, influenciadores. Essa lógica está mudando. Hoje mais da metade dos consumidores confia tanto ou mais nas recomendações de uma IA do que no que sugerem os influencers. Quarenta e cinco por cento (45%) equiparam a credibilidade da IA à dos meios de comunicação tradicionais.

As razões são claras: rapidez e aparente neutralidade. A IA oferece respostas imediatas, comparativas e livres dos vieses que os usuários percebem em vendedores, criadores de conteúdo ou buscadores tradicionais. Quando uma máquina recomenda uma marca, isso é interpretado como um conselho objetivo respaldado por milhares de dados.

Estamos diante de uma mudança cultural profunda. O ZMOT (Zero Moment of Truth, em inglês, ou Momento Zero da Verdade, em português), que antes acontecia no Google ou na Amazon, está se transformando no AIMOT (AI Moment of Truth ou Momento IA da verdade): o instante em que a primeira interação com uma marca acontece em um chat conversacional ou em um assistente de voz. O novo agente invisível que faz prescrições é uma máquina.

LOs dados confirmam: em 2024 já existiam 8,4 bilhões de dispositivos com assistentes de voz no mundo, mais do que a quantidade de seres humanos no planeta. A estimativa para o final de 2025 é de que 85% das interações de atendimento ao cliente vão ser gerenciadas sem agentes humanos.

Em resumo, a confiança deixa de ser exclusivamente humana. O interlocutor que hoje define quais marcas merecem credibilidade já não tem rosto, é um algoritmo.

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Os desafios da invisibilidade

Esforços de marketing que as máquinas não estão vendo

A grande lacuna: 70% do esforço digital que as IAs não veem

Durante a última década, as marcas investiram em um arsenal de táticas digitais: SEO, campanhas em redes sociais, colaborações com influenciadores, publicidade programática, melhorias em sites e apps. Todas com o mesmo objetivo: ganhar visibilidade.

Essa lógica já não funciona como antes. A interação entre consumidores e marcas não acontece apenas em buscadores ou redes. É mediada por modelos de linguagem e inteligências artificiais generativas. Nesse novo ambiente, grande parte dos conteúdos desenvolvidos para humanos não é processada nem valorizada pelos algoritmos.

Grande parte dos conteúdos desenvolvidos para humanos não é processada nem valorizada pelos algoritmos.

Os dados são contundentes: mais de 70% dos investimentos em visibilidade digital atual não influenciam como as IAs entendem ou recomendam uma marca. Um SEO impecável no Google não garante presença em um resumo algorítmico. Uma campanha viral no Instagram pode ser invisível para um modelo treinado em outras fontes. Até mesmo uma cobertura na imprensa pode se perder se não estiver no formato que a máquina considere relevante.

A consequência disso é crítica: uma lacuna entre o que uma marca pensa que comunica e o que as inteligências artificiais realmente “aprendem”. O risco se traduz em invisibilidade algorítmica: se uma IA não reconhece a sua marca, ela não existe para o usuário.

A disrupção do tráfego digital: quando a IA se transforma em destino final

Durante mais de vinte anos, o marketing digital se sustentou em uma premissa básica: tráfego era tudo. Mais visibilidade equivalia a mais cliques, visitas e conversões. O clique era a unidade mínima de sucesso.

Esse paradigma está sendo derrubado. Com a IA generativa, os usuários não precisam sair em busca de mais informação: a conversa com a máquina é suficiente. Os modelos conversacionais integrados no Google e em outros motores de busca concentram e entregam respostas imediatas e personalizadas. O tráfego não flui mais, permanece no próprio algoritmo.

Os números confirmam: os cliques em meios de comunicação e portais caíram até 35%. O tráfego orgânico, coluna vertebral do marketing digital, se deteriora mês a mês. E o inquietante é que não se trata de uma queda conjuntural, mas de uma mudança estrutural. Os LLMs não redirecionam, eles retêm.

O clique, métrica que definiu o sucesso digital, está se tornando residual. E com ele, a visita a sites deixa de ser um comportamento natural.

Paradoxalmente, produzimos mais conteúdo do que nunca, mas cada vez menos pessoas o visitam nas nossas plataformas.

Com a IA generativa, os usuários não precisam sair em busca de mais informação: a conversa com a máquina é suficiente.

Claves

As chaves do Machine Marketing e da AI Visibility

As alavancas estratégicas para conquistar humanos e algoritmos

A irrupção da IA generativa não se resolve com retoques. Não basta afinar o SEO, redesenhar um site ou investir mais em campanhas. Estamos diante de uma mudança estrutural que exige uma reinvenção completa do marketing.

Nesse novo cenário, as marcas enfrentam público duplo:

O humano, que continua buscando histórias que emocionem, inspirem e gerem confiança.

O algoritmo, que processa, filtra e decide quais marcas aparecem na conversa e com que credibilidade.

A chave está em assumir que o marketing já é dual por definição. Não se trata de escolher entre humanos ou algoritmos, mas de desenvolver estratégias que funcionem para ambos ao mesmo tempo.

Esse é o objetivo do ecossistema do Machine Marketing da LLYC, a primeira oferta estratégica integrada que combina criatividade, dados e tecnologia para garantir que as marcas sejam visíveis, citáveis e confiáveis nesse novo território.

A seguir, apresentamos quatro alavancas que fazem a diferença e que já estamos aplicando em projetos reais:

AI Audit & Activation: descobrir a sua pegada algorítmica

O primeiro passo para competir na era da IA é entender o que as marcas sabem sobre a sua marca. A AI Audit & Activation é a auditoria estratégica do futuro. Ela analisa o que as IAs sabem sobre a sua marca, como a representam em suas respostas e qual é o espaço que você ocupa em relação aos seus concorrentes.

Mas ela não fica no diagnóstico. A fase de ativação transforma as descobertas em ações: otimizar a narrativa de marca para que seja relevante e confiável, corrigir informação errada, reforçar a presença em fontes que os algoritmos consideram autorizadas e desenvolver um plano para aumentar o seu Algoritmic Share of Voice & Quality.

Em outras palavras, passamos da observação para a ação: treinar a IA para que ela diga o que a sua marca precisa que seja dito.

Website Visibility: falar no idioma das máquinas

Os modelos de IA não leem como os humanos. Enquanto as pessoas reagem melhor a mensagens curtas, emocionais e visuais, os algoritmos valorizam o oposto: textos longos, detalhados e com contexto.

O Website Visibility consiste em dois serviços que vão da auditoria sobre quão preparado um site está para ser compreendido e otimizado pela IA até a criação de um ecossistema web paralelo, desenhado especificamente para ser compreendido, indexado e citado pelas ferramentas de IA.

Isso inclui desde a arquitetura de conteúdos em formato de texto até sinais técnicos (sitemaps, hosting, robots.txt) que facilitam a leitura algorítmica. O resultado é uma ponte entre a narrativa corporativa e a linguagem das máquinas.

O objetivo é estar na internet e garantir que a IA o veja, o entenda e o recomende. Um Story Model traduzido para o idioma algorítmico.

Answer Engine Optimization (AEO): conquistar a resposta

O SEO marcou a primeira era do marketing digital. O AEO marca a nova. Aqui a questão não é aparecer em uma lista de links, mas se transformar na resposta que a IA entrega ao usuário.

Para conseguir isso, combinamos o lado técnico (estrutura, esquema, fontes confiáveis) com o estratégico (narrativa, reputação, tom) para maximizar a probabilidade de ser citado. O impacto é claro: os cliques que provêm de buscas mediadas pela IA convertem até 23 vezes mais do que os do SEO tradicional.

Na prática, o AEO transforma a IA em um agente de confiança para indicações e recomendações e a sua marca na opção mais considerada.

Content MAGIA: criatividade generativa com alma humana

A criatividade continua sendo o motor do marketing, mas agora convive com a escala da IA. Com o MAGIA (Machine Augmented Generative Intelligence for Advertising), produzimos conteúdos apoiados em IA generativa, sempre supervisionados por especialistas humanos.

O resultado é uma fórmula híbrida, escalabilidade e personalização sem perder a coerência da marca. Desde posts, vídeos, FAQs até infografia, o MAGIA permite gerar centenas de peças em diferentes formatos e idiomas, revisadas e aperfeiçoadas pelos nossos especialistas. Isso democratiza a criatividade e acelera a capacidade de experimentar.

Em um ambiente onde 90% dos anunciantes vão incorporar IA generativa ao seu conteúdo criativo até 2026, o MAGIA coloca as marcas na vanguarda de um mercado em que a diferenciação já não vai depender da velocidade e da inteligência com que é produzida.

Dual Marketing Machine

Rumo ao marketing dual

O futuro já chegou: estratégias que falam ao mesmo tempo com pessoas e algoritmos

As soluções que apresentamos não são um exercício teórico nem uma previsão distante. São o ponto de partida de uma mudança estrutural que já está acontecendo. O marketing está deixando de ser unidimensional para se transformar em dual. Nesse novo paradigma, as marcas devem construir confiança em dois planos ao mesmo tempo:

  • O humano, onde emocionar, inspirar e conectar-se com as pessoas continua sendo essencial.
  • O algorítmico, onde cada interação digital alimenta as inteligências artificiais que decidem quais marcas aparecem e com qual credibilidade.

O verdadeiro desafio estratégico não é escolher entre um ou outro, mas aprender a conviver nos dois universos simultaneamente. Treinar a IA de forma efetiva e ética, enquanto continuamos criando experiências memoráveis para as pessoas será a condição mínima para competir.

Quem entender isso e agir primeiro, vai estar na liderança. Porque o clique já está deixando de ser o centro da experiência digital e a conversa com as máquinas está se transformando no novo espaço de reputação, influência e negócio.

O Machine Marketing da LLYC é a alavanca que acelera essa transição: ajuda as empresas a conquistarem a comunicação algorítmica sem perder a sua essência humana. E marca a mudança de um marketing preparado para o que já está chegando.

O Machine Marketing da LLYC é a alavanca que acelera essa transição: ajuda as empresas a conquistarem a comunicação algorítmica sem perder a sua essência humana.

O nosso caso recente do AIgent para a rede de supermercados ALDI é um exemplo disso: um agente conversacional capaz de gerar mais de 11 mil receitas personalizadas em duas semanas, com informação confiável e com um propósito social bem definido: reduzir o desperdício de alimentos. Esse tipo de projeto mostra como as marcas do futuro vão se comunicar por meio de campanhas, mas também por meio de modelos de inteligência artificial treinados para amplificar a sua narrativa.

A comunicação não é mais opcional: as máquinas escutam, aprendem e decidem A questão é se a sua marca está pronta para fazer parte da voz delas.

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Vozes que antecipam o futuro.

Luis Manuel

Machine Marketing: quando as marcas falam com humanos e algoritmos

Luis Manuel Nuñez Maestre

O Machine Marketing surge como uma abordagem estratégica que integra a comunicação com o público humano e com sistemas algorítmicos capazes de processar e amplificar a informação em escala global.

A sua essência está na bidirecionalidade: desenvolver mensagens que se conectem emocionalmente com as pessoas e, ao mesmo tempo, sejam compreendidas e priorizadas pelos modelos de linguagem de grande escala (LLMs). Para isso, as marcas precisam dominar quatro princípios: primeiro, compreender as fontes e os critérios de ponderação desses modelos, alinhando o seu conteúdo com informações de alta qualidade e autoridade. Segundo, aplicar uma otimização semântica avançada, com narrativas claras, estruturadas e facilmente interpretáveis. Terceiro, exercer uma governança ética de conteúdo que evite vieses e reforce a confiança. E quarto, garantir a interoperabilidade tecnológica, assegurando que as mensagens se adaptem a várias plataformas e ambientes.

Nesse novo ecossistema, a competitividade das marcas dependerá da capacidade delas de se comunicar em uma linguagem dual: humana e algorítmica. O desafio é duplo: primeiro estar presente e, segundo, ser relevante tanto na memória das pessoas como na das máquinas.

Irati

Liderar na era da IA: novas regras para Project Managers

Irati Isturitz

A inteligência artificial mudou radicalmente o papel do Project Manager (PM). Se antes a missão dele era coordenar tarefas e garantir que “as coisas acontecessem”, hoje o seu trabalho se assemelha mais ao de um estrategista com uma bússola que guia os projetos em direção ao impacto.

A automatização de processos rotineiros por meio de plataformas como COR, ClickUP, Monday ou Asana libera tempo para o que realmente importa: a visão estratégica, a criatividade e a tomada de decisões. A IA também introduziu novas capacidades preditivas: permite antecipar riscos, simular cenários e testar hipóteses antes de lançar um projeto. Até mesmo o clássico teste A/B deixou de ser uma exclusividade das estratégias de mídia paga. Agora, pode ser aplicado de maneira preliminar em narrativas, conceitos ou campanhas, reduzindo erros antes de chegar ao mercado.

O valor do PM está na sua capacidade de integrar essas ferramentas sem perder o controle humano. A IA não pensa por nós, e sim aumenta a nossa capacidade de pensar melhor. Os clientes sabem disso e esperam projetos mais rápidos, personalizados e transparentes. Isso exige que os gestores estabeleçam protocolos de validação e treinamento contínuo, evitando a dependência passiva da tecnologia.

Patricia

IA estratégica: governança de dados, inovação e vantagem competitiva

Patricia Charro

Falar de inteligência artificial em geral é ficar na superfície. O verdadeiro desafio para as marcas está em compreender a especificidade de cada modelo, as suas capacidades e o seu papel na construção da vantagem competitiva. O Machine Marketing não consiste unicamente em otimizar o posicionamento em buscadores de IA, mas em desenvolver soluções que integrem dados corporativos, inteligência de negócio e criatividade estratégica.

Hoje, qualquer canal digital pode ser indexado pelos modelos. O YouTube e o Instagram já alimentam sistemas como Gemini e Google, o que obriga as organizações a otimizar proativamente todos os seus ativos. Ao mesmo tempo, apostar em desenvolvimentos próprios (IA treinada com dados seguros e corporativos) abre um horizonte de eficiência e diferenciação impossível de conquistar apenas com modelos abertos.

Mas esse avanço exige novas regras. A governança de dados deve ser tratada como um assunto estratégico, liderado pela alta direção. Apenas com dados estruturados e metodologias bem estabelecidas é possível transformar a informação em inteligência competitiva. Também é imprescindível reforçar a cibersegurança. Se as compras e reservas já são gerenciadas a partir de interfaces de IA, os sites corporativos devem evoluir para arquiteturas seguras e conversacionais.

O futuro do marketing será híbrido: ideias novas e criativas potencializadas pela escala da IA. A verdadeira vantagem vai estar em combinar o critério de especialistas e a experiência humana com a potência tecnológica dos modelos. Porque se a IA amplifica o que damos a ela, apenas uma estratégia sólida, ética e diferenciada poderá garantir que ela devolva reputação, confiança e inovação.

Roberto

Machine Marketing: treinar as máquinas sem deixar de emocionar

Roberto Carreras

O marketing está passando por uma virada radical. Já não desenvolvemos conteúdos apenas para humanos, também o fazemos para máquinas que resumem, recomendam e decidem. Nesse cenário, o Machine Marketing aparece como a disciplina que ajuda as marcas a repercutir tanto nos algoritmos como nas pessoas.

A chave está em duas novas áreas de trabalho. Por um lado, o Answer Engine Optimization (AEO), que transforma uma marca em fonte prioritária de respostas geradas por IA. Por outro, o Large Language Model Optimization (LLMO), que treina os modelos com dados e narrativas próprias, garantindo que o que a IA diz sobre uma empresa seja fiel à sua identidade.

Essa mudança também transforma a função dos sites: de portais visuais eles passam a ser infraestruturas autênticas de treinamento algorítmico. E obriga a definir uma “Identidade Conversacional” que garanta consistência em todos os ambientes automatizados. Sem essa capacidade estratégica, a voz de uma marca corre o risco de se diluir

A tudo isso se soma a amplificação algorítmica: distribuir conteúdos de maneira inteligente para aumentar o seu peso na memória dos modelos. Quanto mais uma marca é citada, mais é lembrada pelas máquinas. E, paralelamente, a IA abre novos territórios criativos como o renascimento do áudio, os videopodcasts transmídia e as narrativas imersivas.

O desafio, em última análise, é equilibrar eficiência e emoção. Treinar a máquina para falar com precisão, sem esquecer que o verdadeiro impacto nasce de comover as pessoas.

Ibo

A memória das máquinas: o novo território do marketing

Ibo Sanz

O marketing não perdeu os seus princípios. Continuamos querendo deixar uma marca na memória das pessoas. O que mudou é que agora existe outra memória emergente à qual também recorremos: a da inteligência artificial generativa. Essa memória está cada vez mais influente e obriga CMOs e diretores de comunicação a adotar o Machine Marketing.

Compreender como os modelos e as ferramentas funcionam é fundamental. Enquanto os modelos permanecem estáticos até a sua próxima atualização, plataformas como ChatGPT adicionam a capacidade de pesquisar na internet e atualizar respostas em tempo real. Isso muda a lógica do posicionamento. Aparecer primeiro já não importa tanto, mas sim a consistência e a frequência com que a máquina nos encontra.

Portanto, a visibilidade depende de auditorias estratégicas que avaliem a reputação, o posicionamento e o rendimento em ambientes de IA. Esses projetos devem começar com foco, evitando abranger demais, e se apoiar em ferramentas que ofereçam amostras representativas e dados acionáveis. Eles também precisam de coordenação entre áreas, eliminando barreiras internas para repetir mensagens de forma coerente em vários canais.

O sucesso será medido de maneira diferente: menos tráfego na web e mais influência algorítmica; menos métricas de vaidade e mais conversões qualitativas. E, à medida que a experiência do usuário for migrando para interfaces conversacionais, as organizações deverão atualizar os seus ativos digitais para que a interação com a IA seja natural, coerente e segura.

Nesse novo cenário, o marketing deixa de ser apenas persuasão humana e se transforma em treinamento estratégico de spokespersons algorítmicos. Porque a IA também tem memória, e as marcas que souberem falar com ela consistentemente são as que vão liderar a comunicação do futuro.

Gonzalo

O deep learning no marketing para máquinas: dos dados à compreensão algorítmica

Gonzalo Candaosa

O marketing sempre procurou persuadir as pessoas, mas na era da inteligência artificial ele também deve persuadir os algoritmos. Se antes as pesquisas de mercado nos ofereciam fotografias estáticas dos consumidores, hoje o deep learning nos permite ver filmes. E de mãos dadas com a IA, nos permite até mesmo antecipar trailers do futuro ao identificar padrões que ainda não aconteceram. Não é uma questão de descrever o que aconteceu, mas de entender como as percepções são formadas e antecipadas em humanos e máquinas.

A automatização transformou a nossa prática profissional. Tarefas que antes exigiam horas, como classificar ou gerar relatórios, hoje são resolvidas em segundos. Isso deslocou o foco da análise histórica para a identificação de sinais que moldam os algoritmos em tempo real e que se transformam em reputação de marca. O verdadeiro desafio é dar a eles a forma adequada para que os sistemas façam a interpretação de maneira correta e consistente.

O setor financeiro é um bom exemplo. Quando alguém pergunta para a IA “qual banco é mais confiável para abrir uma conta?”, a resposta não surge de um slogan inspirador, mas de sinais verificáveis, como avaliações de clientes, relatórios regulatórios ou menções na mídia. No marketing para máquinas, o que o consumidor percebe como narrativa, o algoritmo traduz em dados de confiança. Se os sinais não estiverem disponíveis, claros e consistentes, a recomendação vai favorecer o concorrente.

Falar com o algoritmo significa que cada interação digital é convertida em insumo para a aprendizagem dele. Os modelos não interpretam emoções nem slogans, e sim, identificam padrões de linguagem, coerência entre fontes e sinais de autoridade. A partir do deep learning, a nossa função é mapear esses padrões, explicar como eles influenciam o Machine Marketing e orientar a maneira como entendemos a reputação nas mãos das máquinas.

Um ponto crítico é o tempo. A reputação algorítmica não é atualizada da mesma maneira que a percepção humana. Em sistemas que leem a web em tempo real, o reflexo das mudanças pode ocorrer em dias ou semanas. Em modelos treinados por cortes de dados, o ajuste pode demorar meses ou até anos. Para as marcas, isso significa desenhar estratégias com dois horizontes: um imediato e outro estrutural.

O Machine Marketing nos convida a falar em dois idiomas: o dos consumidores e o dos algoritmos. Nessa dualidade surge a oportunidade de desenhar um futuro em que a criatividade humana e a inteligência algorítmica não competem. Potencializam-se. Dessa maneira, produzir mensagens inspiradoras já não é o suficiente. É preciso transformá-las em evidências que os modelos reconheçam como confiáveis. Somente assim o Machine Marketing terá impacto real e sustentável.

Em síntese, a criatividade continuará emocionando as pessoas, mas também deixará sua marca na memória das máquinas. Nesse cenário, o deep learning transforma-se na arquitetura dessa memória algorítmica, redefinindo o nosso papel profissional. Agora, somos arquitetos da confiança que determinarão quais marcas serão relevantes no futuro.