Cumprir e explicar. Comunicação e governo corporativo.

  • Temáticas
    América Latina
    Assuntos Europeus
    Economia
    Reputação
    Sustentabilidade / ESG
  • Setor
    Investimentos e Serviços Financeiros
    Outros
  • Países
    Espanha
    Global

Estamos na era da hipertransparência, o aspeto de um tempo em que «não há para onde fugir, não há onde esconder-se», segundo Andrea Bonime-Blanc, fundadora da empresa GEC Risk Advisory. Tanto assim é que o primeiro exercício que uma organização deve fazer para enfrentar esta nova era é aceitar que esconder-se não é uma opção, nem ficar calada, e muito menos ser um sujeito passivo dos diálogos que em torno dela se geram.

O controlo do poder

O governo societário de uma empresa abrange as seguintes áreas:

  • A tomada de decisões relacionadas com a direção estratégica geral e as políticas da empresa – investimentos, fusões e aquisições, nomeação de executivos e planos de sucessão;
  • Os mecanismos de controlo do bom desempenho da direção executiva e a implementação do plano estratégico aprovado;
  • A conformidade regulamentar (compliance) – o estabelecimento das políticas e dos procedimentos adequados, a fim de assegurar que a empresa e os respetivos dirigentes, funcionários e terceiros cumprem as leis aplicáveis;
  • As relações entre os principais órgãos sociais da empresa, assim como os direitos e deveres de cada um – conselho de administração, órgão de direção e acionistas.

Do relatório financeiro ao relatório integrado

Uma das bases de um bom governo societário é manter os stakeholders informados sobre os eventos que podem causar um impacto no desempenho e, sobretudo, na evolução dos resultados. Esta obrigação de transparência manifesta-se, de forma geral, nas políticas de comunicação, com uma frequência avaliada nos relatórios periódicos e, pontualmente, nos roadshows.

O International Integrated Reporting Council (IIRC) é uma associação global de reguladores, investidores, empresas, criadores de normas, contabilistas e ONG que promove uma evolução dos relatórios empresariais com base numa nova forma de comunicar.

Do reporting ao diálogo

A governação de uma organização requer o exercício constante da comunicação em muitas das facetas que tem. Em alguns casos, é uma questão de reporting de resultados financeiros e ‘não financeiros’. Além do reporting, a comunicação é essencial para manter os órgãos de decisão em contacto com os stakeholders.

As tecnologias da informação tornam estes diálogos cada vez mais personalizados e individuais, de tal forma que, por ser pouco preciso, o conceito de stakeholder se tornou obsoleto. Considerar que todos os funcionários pensam o mesmo ou se relacionam da mesma maneira com a empresa é um erro crasso. Pensar e agir como se todos os clientes quisessem manter o mesmo tipo de relação com a marca é uma falha inadmissível. Hoje estamos muito mais no one on one do que na tertúlia, embora esta, metaforicamente levada para o âmbito das redes sociais, influencie e, na maior parte das vezes, marque a agenda das conversas.

Cumprir ou explicar

A ideia central do Código do Bom Governo da Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) de Espanha, que se baseia nos documentos de referência da governação de empresas, é que uma empresa deve «cumprir ou explicar». «Cumprir» refere-se não apenas às normas legais, mas também às que derivam das boas práticas que o organismo regulador entende que devem ser implementadas nas empresas.

«Explicar» centra-se no incumprimento destas boas práticas, tais como não informar ou não discriminar a remuneração dos membros do conselho de administração e da equipa executiva. Outro exemplo recente de «explicar» são as políticas de igualdade de género (percentagem de mulheres entre os funcionários e, sobretudo, nos órgãos de direção e administração).

Os seis princípios da OCDE e do G20 para o governo societário

  1. Garantir a base de um enquadramento eficaz do governo societário.
  2. Os direitos e o tratamento equitativo dos acionistas e respetivos papéis fundamentais no âmbito da propriedade.
  3. Investidores institucionais, mercados de valores e outros intermediários.
  4. O papel dos grupos de interesse no governo societário.
  5. Divulgação de dados e transparência.
  6. As responsabilidades do conselho de administração.

Autores

José Manuel Velasco
Paulo Nassar
Jorge López Zafra

Material para download