O entretenimento, que agora parece “tendência”, é, na verdade, algo que acompanha o ser humano desde o século XVIII. A sua evolução ao longos dos tempos reflete a busca contínua do ser humano por diversão, evasão e conexão emocional por intermédio de atividades/conteúdos que lhe ofereçam prazer e satisfação.
E essa busca acontece também nos conteúdos das marcas. A verdade é que o produto por si só já não “convence” a audiência que pede por conteúdos diferenciadores num mundo infoxicado. As marcas precisam de se colocar no contexto narrativo de uma história, de maneira orgânica, sem interrupções. Dessa forma, conseguem atingir uma profunda conexão com seu público-alvo, criando laços emocionais marca-consumidor.
É particularmente neste domínio que a mim, enquanto profissional da comunicação me interessa debruçar.
Fui recentemente impactada com esta notícia que desde logo me fascinou pelo cruzamento de mundos – ficção e realidade – que a Netflix se estava a afirmar. Netflix Bites, o primeiro restaurante pop up da empresa em LA onde alguns dos chefs dos melhores programas de culinária da plataforma poderão agora ser apreciados pelos seus fãs, num exemplo claro do potencial que muitas marcas têm para expandir e diversificar as suas estratégias (de entretenimento). Na situação inversa, temos o caso da Barbie que, da boneca física e algumas produções animadas para crianças, apresentou agora o seu filme já para um target mais adulto (na verdade, o seu primeiro) aproveitando ainda para passar mensagens tão atuais sobre o empoderamento feminino, sendo ainda considerada a melhor estratégia de comunicação do ano dando palco a outras marcas como a Birkenstock ou a SMEG. Ou, ainda, o sucesso de grandes êxitos de bilheteira como Harry Potter, que deu origem ao jogo Hogwarts Legacy, onde a experiência torna-se ainda mais intensa já que se trata de um jogo RPG que permite ao jogador encarnar uma personagem do jogo.
De outro lado, temos marcas que aproveitam a via do patrocínio para entreter a audiência. Quem não se lembra do mítico caso da Emirates que em pleno Estádio da Luz recorda a sua missão de “viajar em segurança” fazendo uma alusão ao jogo em questão? Ou a Worten que para se posicionar no território do gaming aproveita o já reputado evento Lisboa Games Week para promover a grande final da sua iniciativa Worten Game Ring LPLOL e, desta forma, se conectar com uma audiência ainda mais alargada?
Vejamos, ainda, por exemplo, os conteúdos publicitários do Lidl, que são mini episódios de entretenimento por si, que através de técnicas humorísticas ajudam o consumidor a perceber quais os produtos ou as promoções em destaque.
A tendência do entretenimento como solução de comunicação está em pleno apogeu, e as marcas estão a desempenhar um papel fundamental na transformação da indústria do entretenimento. Seja através da criação de experiências únicas, da criação de conteúdo emocionante ou do patrocínio de eventos. Essas estratégias permitem conectar com as suas audiências de uma maneira mais significativa e construir relações duradouras. A capacidade de se adaptarem, inovarem e oferecerem experiências memoráveis será fundamental para se manterem relevantes neste mundo apaixonante do entretenimento em constante mudança.
A tendência do entretenimento como solução de comunicação está em pleno apogeu, e as marcas estão a desempenhar um papel fundamental na transformação da indústria do entretenimento
Cristina GirãoDirectora de Engagement en LLYC Portugal