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1. Retorno ao tangível, também para o digital
“Le Paysan” de Jaquemus evoca as origens em nova coleção e campanha
A marca de moda francesa Jaquemus anunciou sua última coleção sem um espetáculo maximalista, algo comum na indústria do luxo e da moda. Simplesmente com fotografias da vida no campo. A vida na aldeia da família de Simon Porte Jacquemus, designer francês e fundador da marca.
A coleção “le paysan” evoca o retorno às raízes, ao tangível, mostrando a reconexão do designer e fundador da marca Simon Porte Jacquemus com suas origens campestres.
E ele não é o único que está voltando, poderíamos dizer, ao básico. A marca italiana de acessórios Miu Miu lançou um clube do livro: um espaço físico para conversas e reflexão coletiva. Em contraponto ao barulho digital, aposta no presencial, no íntimo e no intelectual como forma de se reconectar com o pensamento crítico. Ao mesmo tempo, gera histórias reais que, depois, são transferidas para o ecossistema digital.
Dois casos de marcas que continuam construindo a partir da emoção. E, em ambos os casos, ações que evocam histórias não digitais que viverão no mundo digital. Porque o que é comunicado digitalmente não precisa ser (apenas) digital.
2. Google e Meta, amigos para sempre?
Ou por que o Google quer indexar suas fotos do Instagram
Quem diria à Meta e ao Google há 10 anos que agora estariam unindo forças. Recentemente, a empresa de Mark Zuckerberg anunciou que os conteúdos dos perfis de empresas e criadores na Meta começarão a ser indexados no Google. Mas por que o Instagram, que sempre foi uma plataforma fechada, decide se abrir dessa forma?
Uma resposta possível está no próprio Vale do Silício: ChatGPT. A IA está ganhando terreno no mercado de buscas, e isso ameaça diretamente o núcleo do negócio do Google (com o perdão de sua IA Gemini, que apesar de estar no nível do ChatGPT, não parece atrair tantos usuários quanto seu concorrente).
Mas de contextos em mudança também surgem oportunidades: o SEO nas redes sociais dá mais um passo. Se já era uma necessidade otimizar os textos nas redes sociais, dado que cada vez mais usuários as utilizam como buscadores, agora essa prática se torna também uma nova oportunidade, já que tudo indica que esses mesmos conteúdos também serão resultados no Google em seu formato de imagem.
3. Influenciadores, um tema sério
As duas três Patrícias e a Casa Real
Em um evento recente da Casa Real pelo aniversário da adesão da Espanha à UE, foi convidada por engano uma influenciadora de lifestyle em vez da jornalista especializada em UE e direitos humanos que estava realmente prevista. A origem da confusão? Ambas se chamam Patricia Fernández.
A influenciadora, longe de esclarecer a situação, compareceu, posou com o rei e justificou sua presença com argumentos genéricos sobre sustentabilidade e respeito, diante do olhar atônito da jornalista Patricia, que teve que explicar em suas redes sociais que não entendia como ninguém verificou que a convidada não era ela. Mas isso não é tudo: é importante ressaltar que existe uma terceira Patricia Fernández, advogada e ativista premiada por seu trabalho em direitos humanos, que também teria se encaixado no perfil, mas nunca foi convidada.
Esta situação, no mínimo peculiar, deve nos reforçar a importância de verificar minuciosamente nossa estratégia e ativação de colaboradores. O que aconteceu é um alerta: trabalhar com influenciadores requer olhar além de indicadores como seguidores e analisar com critério sua relevância, credibilidade e coerência para evitar possíveis riscos à reputação.
4. Momento, contexto cultural e agilidade: os fundamentos nas redes sociais
Desigual resolve rapidamente e se livra de uma crise maior nas redes sociais
A Desigual teve recentemente a agilidade e a capacidade de transformar uma crise potencial em uma ativação viral a seu favor. Sua campanha “Not a Doll”, com a qual a marca de moda reivindicava liberdade na forma de se vestir, não levou em conta o momento nem o contexto cultural, de forma que chocou com um slogan em defesa dos direitos das mulheres trans. Diante dessa situação, a marca reagiu de forma estratégica, colaborando com a ativista e performer trans Manuelacore para lançar uma nova versão da campanha com o “not” apagado, ressignificando a mensagem e aderindo a uma tendência.
A polêmica surgiu porque “doll” é um termo identitário comum na comunidade LGTBIQ+, especialmente nos EUA, e o slogan da Desigual coincidia com a campanha social “Protect the Dolls”, criada para visibilizar e proteger as mulheres trans diante do aumento dos discursos de ódio. Embora a mensagem original apelasse ao empoderamento feminino, o cruzamento de significados gerou um choque de narrativas.
Entender o contexto social e levar em conta o quadro cultural é fundamental. E se mesmo assim o mal-entendido ocorrer, reconhecer um erro, mesmo quando há boa intenção, é uma oportunidade de demonstrar compromisso real. Porque nas redes sociais, levar em conta o contexto, a agilidade e a autenticidade não são uma opção.